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Romântica história poética do inusitado pampa Gaúcho - Parte II.

1/27/2017

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A Lenda da Pedra do Segredo: Montanhismo de Vanguarda (1990).


Vida poética de romantismo alpino nos anos dourados da Escalada em Rocha do Rio Grande do Sul; Me sinto honrado por ter participado ativamente desta bonita história de escalada em rocha como um dos pioneiros; época que não volta mais, obviamente. A nova escalada do Rio Grande do Sul, da década de 1980 do século passado, foi um movimento romântico e poético do qual participei com contundência; meu montanhismo organizado, solitário e relâmpago de escaladas arojadas e procedimento inovador, rompia esquemas, rompia paradigmas; meu estilo foi incisivo e minhas escaladas foram terminantes; nascía a escalada de dificuldade, poética e romântica; A tradição que tem no Rio Grande do Sul de fortes escaladores, vem desta iniciativa minha e deste movimento radical que eu manifestei com minhas escaladas solitárias e romanticamente difíceis para aquele período do século passado. A índole e o caráter do escalador Gaúcho vem deste movimento romanticamente definitivo; foi a partir de minhas escaladas que o escalador Gaúcho se tornou reconhecido em todo o Brasil e o Rio Grande do Sul se tornou reconhecido em todo o país como um potencial centro de escalada em rocha; modéstia à parte.
​
Em breve explicarei três extraordinárias histórias de pioneirismo contundente e incisivo; a de um companheiro de escalada que influênciou e inspirou a todos os montanhistas Gaúchos, e que se tornou, romanticamente, meu irmão espiritual; Edgar Kittelmann. Outra história que contarei, é de seu maestro incondicional; o guía alpino italiano, Giuseppe Gambaro. A tradição do montanhismo Gaúcho vem de longe. E uma terceira história, será sobre a legendária escaladora Brasileira Irene Fernandez, quem se destacou como a primeira escaladora do Rio Grande do Sul.

No entanto, me corresponde contar minha própria história:
Por ter sido uma etapa mágica na minha vida, tenho o maior interesse e prazer em conservar os fatos tal e como aconteceram, e relatar sobre minhas conquistas pioneiras do final da década de 1980.

Parece ser que existem algumas versões distorcidas da verdadeira Lenda da Conquista da Mítica Pedra do Segredo de Caçapava do Sul. Bem, como sigo bem vivo e em forma, naturalmente, seguirei cuidando e dando a devida atenção que esta história merece.

Com propriedade de palavra para narrar meus próprios projetos, e historiar sobre escaladas bonitas do século passado, neste artigo, vou relatar o fator humano de uma das Conquistas mais relevantes do montanhismo Gaúcho do final da década de 1980, que eu defino romanticamente como sendo A Irmandade da Conquista da Pedra do Segredo.

Eis aqui, por tanto, a verdadeira Lenda da Pedra do Segredo desde o ponto de vista histórico de quem projetou a escalada e de quem escolheu a dedo as almas especiais que participaraiam desta que seria, então, o projeto de escalada mais importante e distinguido do final da década de 1980. Futuramente pretendo relatar aspectos curiosos da escalada tecnicamente dita, mas neste relato, prefiro explicar uma outra face da escalada, a outra cara da moeda, mais além do aspecto físico da escalada; como um dos pioneiros que realizou a legendária escalada da mítica Pedra do Segredo, historiar a minha perspectiva humana, neste caso e nesta ocasião, é o que mais me parece inspiracional. 

Eu organizei tudo no ano de 1989, fabriquei de forma artesanal os Grampos que eu produzia naqueles anos, e entrei em contato com os dois únicos escaladores que mais eu confia para tal projeto: dois jovens iniciantes no mundo da escalada em rocha e do montanhismo, mas, evidentemente, duas almas especiais; Alexandre Prehn Zavascki foi o primeiro convidado sem sombra de dúvidas (pela luz que emanava do seu espírito de irmandade e senso de companheirismo sem igual), e o outro convidado, tinha que ser alguém com o mesmo nível de teor de qualidade humana, e neste caso, a dedo, o selecionado foi o jovem Guilherme Zavaschi (pela humildade em pessoa e pelo seu diferenciado e nobre dom para a escalada em rocha); dois adolescentes que transbordavam talento humano sem comparação. E muito distante dos preconceitos absurdamente influenciáveis daqueles anos, eu optei por dois adolecentes que me pareciam mais maleáveis e mais abertos de cabeça; Imaginem, Alexandre Prehn Zavascki com apenas 16 anos no final de 1989, e seu primo, mais jovem ainda, o Guilherme Zavaschi com simplesmente 15 anos de idade em 1989; tinham o caráter perfeito de quem não demonstra malícia, uma ingenuidade fundamental que eu procurava, para ensinar e desenvolver um novo grupo de escaladores, com outra cabeça, sem dúvidas, na minha decisão, não hesitei, a dedo, escolhi os novos escaladores do futuro; meu projeto era ensinar um novo conceito de escalada, romanticamente poética e não necessariamente técnica, mais humana, mais acessível, menos elitizada (no sentido depreciativo que predominava no século passado).

Nada mais nada menos, o meu projeto era conquistar não só a escalada mais importante do Rio Grande do Sul daquele final de década, era e foi, com a escalada da mítica Pedra do Segredo, dar seguimento ao movimento que eu tinha iniciado de escalada diferenciada, modestia à parte, marcar o início da nova década de 1990; Escalada de Vanguarda no Rio Grande do Sul; o movimento que destacava a nova escalada do Rio Grande do Sul.

Numa recente entrevista feita pelo fotógrafo e escalador de rocha Naoki Arima, senti necesidade de dar um nome com extrema rotundidade para definir o meu projeto dos anos 80 do século passado, e o melhor título que me pareceu o mais criativo, foi: Romantismo poético alpino e conduta assertiva atlética nos anos dourados do pioneirismo da escalada de dificuldade no século pasado. Nesta oportuna entrevista, respondi praticamente tudo que representou esta nova era da escalada no Rio Grande do Sul, que inspirou a dezenas de novos escaladores, e que foi o movimento novo que definiu o caráter dos novos escaladore Gaúchos.

Eu projetei o sonho, e eu coordenei toda a logística da escalada, e fui o único que participei de todas as duas etapas de conquista. Uma antiga “lenda”, diz que, no século passado, eu fui um “visionário” e que projetei a escalada mais bonita e mais inovadora do Rio Grade do Su, para à época, mas, uma outra "lenda", diz que, com minhas iniciativas de "visionário escalador solitário", iniciei um movimento novo e uma nova forma de entender a Escalada em Rocha no Rio Grande do Sul, que rompia esquemas, que rompia paradigmas e que destacou o Rio Grande do Sul, de forma Nacional, como sendo o novo polo da escalada Brasileira. Eu agradeço as duas verícas "lendas", mas prefiro explicar a minha versão, assim me sintirei mais vivo e não uma lenda distante.

Depois de fabricar de forma caseira todos os Grampos para fixar na parede da Pedra do Segredo, e depois de concretar e confabular sobre o plano com Alexandre Zavascki e Guilherme Zavaschi (jovens escaladores de Porto Alegre que vinham comigo para praticar e aprender como abrir uma nova escalada em parede), definimos uma data, fevereiro de 1990.

Passadas as celebrações de fim de ano, em janeiro de 1990, fui pessoalmente a Porto Alegre para conversar com os pais de Alexandre Zavascki e com os pais do Guilherme Zavaschi. Visitei as duas familias, e conversei com seus pais; expliquei que precisava daqueles meninos para o meu audacioso projeto de renovar a escalada no Rio Grande do Sul; Os pais deles conviavam cegamente em mim, e liberaram os meninos, confiando na minha palavra.
Em fevereiro de 1990, compramos as passagens para Caçapava do Sul... 

Impressionante foi abrir a primeira enfiada de corda, e alí, constatar alegremente, satisfatoriamente, que eu não havia me equivocado na eleição dos companheiros para aquela escalada que se tornaria nacionalmente reconhecida como um marco na Escalada em Rocha do Rio Grande do Sul.
Com alegria, inefável entusiasmo e incomparável habilidade, Alexandre Zavascki demonstrou todo o seu talento de irmandade e extraordinária capacidade para assimilar o novo aprendizado e marcar seu nome na nova escalada do Rio Grande do Sul. Alexande participou desta primeira etapa, e desde então, nunca mais deixou de se comportar como um autêntico irmão espiritual, mais além das expectativas, se tornou meu irmão de coração. Considero que além da minha própria história como escalador solitário, até então, ainda não havía encontrado dois casos tão expontâneos em suas atitudes, em conduta assertiva e entrega incondicional; estavamos iniciando um outro movimento, abriamos as portas da nova escalada Gaúcha; se definía o novo caráter do escalador Gaúcho.
Guilherme Zavaschi, muito jovenzinho, começou a atuar e a demonstrar todo o seu refinadíssimo estilo de escalada nos primeiros metros da mítica parede da fabulosa Pedra do Segredo; não era necessário trabalhar como professor de escalada porque esta habilidade, o Guili sempre demonstrou ter de nascência; nem foi muito necessário dar demasiadas explicações de como conquistar novos metros de parede na ponta da corda, o Guilherme parecia captar tudo com muita facilidade e meu trabalho como professor de conquistas de novas escaladas, foi muito abençoado, a vida tinha me brindado dois novos talentos que simplesmente me ajudaram a transformar o projeto de escalada da Pedra do Segredo, no maior segredo do montanhismo Gaúcho: tinhamos iniciado uma nova era...

Não concluímos toda a escalada nesta primeira etapa de fevereiro de 1990, apenas a metade da parede foi conquistada. Os três mosqueteiros, antes de embarcar viagem de regresso para Porto Alegre, não encontramos nenhuma divergência para definir o nome da nossa nova escalada. Desde os primeiros metros de escalada, o nome da escalada foi mencionado na batidas de cada marretada; cada um que perfurava a rocha com nossa broca, e ou, dando marretadas para fixar um novo grampo, fazia zunir o típico som da marreta no grampo, enquanto alegremente gritava, SEM MEDO DE SER FELIZ...

Sem Medo De Ser Feliz, foi a expressão utilizada por Alexandre Zavascki desde o momento em que chegamos, e desde a Estrada do Segredo, quando avistamos a imponente e mítica Pedra do Segredo. "Vamo lá, Sem Medo De Ser Feliz"; dizia o Alexandre Zavascki... 

Depois desta primeira etapa de conquista, uma vez retornado, em Canoas, eu meditava sobre o futuro da Escalada do Rio Grande do Sul; não raramente, me encontrava cofabulando com o travesseiro e pensando por onde induzir os novos escaladores do Rio Grande do Sul. A primeira etapa da conquista da Pedra do Segredo tinha sido um êxito entre nós, gaúchos; mas eu pressentia que era o momento de divulgar meu trabalho ainda mais, de forma Nacional... Eu me sentia um escalador Brasileiro, não apenas gaúcho.

Confabulando com a almofada, e falando sozinho, não raramente aparecia a imagem do próximo tripulante do meu audacioso projeto, não apenas divulgar no Rio Grande do Sul a maior escalada do estado Gaúcho, mas, mais além disso, divulgar a mais expressiva escalada de vanguarda do Rio Grande do Sul do começo da década de 1990; a nova era, tinha que ser reconhecida em todo o Brasil.

Por ser algo expontâneo na cultura de escalada em rocha assim como na cultura do alpinismo tradicional, convidei a dedo, um escalador não gaúcho; um escalador de peso, de personalidade destacada, de propriedade de fala, de caráter próprio e de reconhecimento nacional. Edson Struminski foi o escolhido a dedo! O experiente escalador da Serra do Mar do estado do Paraná, o legendário, mítico e ilustre montanhista, Du Bois, seria o outro tripulante da caravana conquistadora da belíssima via Sem Medo De Ser Feliz.
O Du Bois não era apenas um dos escaladores mais experiêntes do Brasil, o Du Bois era o Cara... Protetor Guardião das Montanhas... Engenheiro Florestal que educava a todos os escaladores que encontrava pelo caminho; Erudito Escritor; Redator da Revista Red Point, o Du Bois era o Cara!

O correio Brasileiro funcionou magnificamente bem; em fevereiro de 1990, chegou a esperada resposta do Du Bois; "Caro Giacchin, com o maior prazer aceito o seu convite, nos próximos dias estarei viajando para o Rio Grande do Sul, para irmos lá para Caçapava do Sul e acabar juntos este seu novo projeto."
O Edson Struminski era desde então, um renomado engenheiro florestal protetor guardião de muitas montanhas do panorama nacional, e além disso, era o Du Bois, perito em Escalada em Rocha, Montanhista ativo dos mais destacados no Brasil, e, Redator Fundador da única Revista de Montanhismo e Aventura do Brasil, a Red Point; o Du Bois divulgaría mais uma vez, a nova escalada do Rio Grande do Sul.

Uma vez tudo projetado, e com o time completo, como era fim de ano (1989), decidi me preparar para o novo ano e para a nova década de 1990, fabricando meus grampos caseiros, e preparando o FRIEND, o meu projeto de Boletim Informativo do Montanhismo Gaúcho, que, assim como a escalada da Pedra do Segredo era um segredo, o FRIEND também era fabricado artesanalmente e no anonimato (só depois de pronto é que eu divulgava).

No dia 4 de fevereiro de 1990, eu e dois adolecentes de 15 e 16 anos, começamos a empreitada do nosso projeto de vanguarda; escalar a mítica Pedra do Segredo. Com esta primeira investida de escalada, conseguimos, entre os dias 4 e 5 de fevereiro, realizar a escalada da Pedra do Segredo, até a metade praticamente; escalamos num excelente rítmo, Alexandre e Guili estavam escalando maravilhosamente bem e ao mesmo tempo, tendo uma boa aula prática de como proceder numa situação real de conquista de uma nova escalada, em parede, pendurados em "Cliff-hanger's" (ganchos sinistros, traiçoeiros e temíveis, utilizados para que o escalador possa estar pendurado até fixar uma proteção mais resistente...) para perfurarem a pedra conglomerada e assim procederem a fixação de um grampo de proteção mais concreto a cada dois ou três metros (ou, com maior distância entre um grampo e outro); Pareciamos os três mosqueteiro, nos divertíamos muito, era só alegra!
Alegria... mas com escalada de vanguarda!

Voltamos para Porto Alegre definitivamente orgulhosos da nossa bem estruturada equipe de escaladores; Alexandre e Guilherme, não tinham me surpreendido em nada, pois eu era consciente de que eu tinha escolhiso os melhores em tudo, para serem os novos escaladores do Rio Grande do Sul (eles já haviam começado a escalar com escaladores de Porto Alegre, mas eu estava ensinando outra coisa, a outra cara da moeda...). Naturalmente eles não perceberam a minha intenção, porém, eu não brincava em serviço, escolhi eles por uma causa muito concreta, muito específica, eu precisava de aliados jovens, fortes fisicamente, habilidosos, humanamente dotados com o máximo teor de qualidade, e sobretudo, de cabeças abertas, não influenciados por preconceituosos padrões de escalada retrógrada, preconceituosa. Eu, pessoalmente, eu era consciente de que me interessavam as escaladas romanticamente solitárias e poéticas onde me desconectava do mundo escrevendo meus poemas nas paredes remotas do Rio Grande do Sul, porém, também consciente de que estava dando passo a um novo movimento que, nos centros de escalada mundial, já havia sido batizado com o sugerente nome de Escalada de Dificuldade. Naturalmente, escolhi o Alexandre Zavascki e o Guilherme Zavaschi, porque entendi que se destacavam humanamente, e, encaixavam perfeitamente no meu audacioso projeto de levar para o Rio Grande do Sul, a escalada de dificuldade que já existia nos principais polos do montanhismo Brasileiro; no Rio de Janeiro e no Paraná. Com esta equipe de três mosqueteiros, com certeza surpreenderiamos o redator da Revista Red Point, o Du Bois, e com isso, a divulgação a nível nacional estaria garantida.

No final de fevereiro, chegou do Paraná o homem que participaria do final da conquista da espetacular escalada da mítica Pedra do Segredo.
Uma vez hospedado na casa onde eu morava, em Canoas, juntos, pude explicar ao experto escalador, minhas intenções. Sendo um nobre montanhista, o Du Bois simplesmente me respondeu: "Giacchin, acho que você está no caminho certo, e estou curioso para participar desta escalada contigo."

Compramos passagens para Caçapava do Sul; fomos dentro do ônibus, fortalecendo nossa amizade, conversamos longamente sobre aspectos que eu necessitava, principalmente, ética de conquista, desenvlvimento como escalador a nível nacional, e não apenas entre gaúchos. Só de conversar com um escalador do calibre cultural do Du Bois, dava prazer em perceber o quanto afortunado eu estava sendo; uma benção me parecia, ter tido um professor de escaladas como o Edson Struminski (entre outros exímios escaladores do Paraná e do Rio de Janeiro). Me sentia modestamente, muito paparado para a vida poética que eu pessoalmente sabia que iria desenvolver, não apenas técnicas de escalada. Sentia que estava me preparando para revolucionar, respeituosamente, a escalada no Rio Grande do Sul. Já havia encontrado os melhores aliados; Alexandre e Guili...

No dia 03 de março de 1990, como autênticos alpinista e românticos escaladores, fomos diretamente ao grão; profissionalmente (não diplomaticamente), em poucas horas, escalamos conquistando toda a segunda etapa desta escalada que se tornou um marco no montanhismo do Rio Grande do Sul. O perito em escalada de rocha, Du Bois, me emocionava cada metro que escalava, dizendo; "Esses gauchinhos são bons, ein?! Fazem tudo certinho. Parabéns Giacchin, é um prazer ver pessoalmente esse tipo de montanhismo acontecendo no Rio Grande do Sul, que é um estado que até agora nunca tinha se destacado na escalada de difuculdade."

E eu tinha que escalar, na ponta da corda, batendo grampo e conquistando os últimos metros da parede da Pedra do Segredo, com essas palavras do Du Bois ecoando constantemente na minha cabeça; estava concluída a escalada mais emblemática do Rio Grande do Sul; iniciava uma nova era no montanhismo do extremo sul do Brasil; escalada de dificuldade bem conquistada, bem gestionada, bem realizada, bem rápida, sem transtornos, sem decepções, sem impedimentos, rompendo qualquer possíveis barreiras psicológicas que pudessem interferir no êxito do projeto.

Profissionalmente, o redator fundador da revista Red Point, o Du Bois, depois de concluir a conquista da Pedra do Segredo comigo, voltou para o Paraná, e desde Curitiba, acabou divulgando a nova consciência de escalada que eu havia semeado no Rio Grande do Sul; foi um triunfo!
Êxito total! Acertar na escolha dos companheiros ideais, para um projeto de escalada, é algo muito importante. E isso, de forma autônoma, eu aprendi a uns 28 anos atrás, organizando a conquista da legendária escalada da mítica Pedra do Segredo.

​Se acabou o segredo...

Participei ativamente grampeando quase toda a via, tanto na primeira investida (com o Alexandre e o Guili que conquistavam em parede por primeira vez e estavam comigo para aprender), assim como na segunda etapa. Na primeira etapa, como já contei, escolhi jovens adolescentes como parceiros, e praticamente isto foi o mais expressivo desta escalada; confiar e dar oportunidades aos mais jovens. Em seguida, a conclusão da escalada, com participação e segurança do escalador Edson Struminski (o Du Bois, que também grampeou na terceira enfiada de corda alguns grampos, e que seria um dos responsáveis em divulgar para o resto do Brasil, o que acabávamos de ter feito no Rio Grande do Sul).

Logo, uns meses depois de acabar a escalada, um dia eu voltei lá e fiz a primeira repeticão em solitário (30/12/1990) desta via que o meu irmãozinho espiritual Alexandre Zavascki batizou com o oportuno e significativo nome de, “Sem Medo De Ser Feliz”. Este nome dado pelo Alexandre, hoje em dia, 27 anos mais tarde, ainda segue inspirando todos os escaladores do Rio Grande do Sul. O projeto da escalada da Pedra do Segredo foi meu, convidei para esta conquista os escaladores de mais confiança daqueles anos, e a conquista foi um êxito e um triunfo para todo o Rio Grande do Sul; com o criativo nome sugerido pelo Alexandre Zavascki, fica imortalizada a “Sem Medo De Ser Feliz” como um dos maiores feitos do montanhismo no estado do Rio Grande do Sul. Em breve, escreverei um relato sobre a 1ª Escalada em Solitário da Pedra do Segredo, e com isso, escreverei mais profundamente sobre a influência das escaladas em solitário que muito influenciaram na minha vida, e na minha forma de escrever poesia.

O que mudou de mais expressivo no montanhismo Brasileiro com iniciativas bem-sucedidas como esta, e com outras formas de demonstrar a escalada, é constatar e demonstrar que: Santo De Casa Também Faz Milagres (em breve escreverei sobre este paradigma de visão que também existiu, e que foi revolucionário, contundente e benéfico). Mas, isto será um outro capítulo deste meu Blog.

Confesso, que com minha decisão de migrar, de trilhar meu próprio caminho e viver minha vida como eu desejava, emigrando em 1992 para Europa, perdi, o priviégio de acompanhado parte da vida pessoal destes dois companheiros de escalada, perdi parte do crescimento deles; perdi a formatura do Alexandre Zavascki que me disse certa vez, "Giacchin, vou deixar de escalar, quero estudar, quero ser médico, quero ajudar as pessoas necessitadas." Perdi a estratosférica evolução do Guilherme Zavaschi, como escalador, que se tornou, durante toda a década de 1990, e grande parte da década de 2000, o escalador mais forte do Brasil e um dos mais fortes da América do Sul, . Eu tinha escolhido bem os meus companheiros. Inclusive, os dois vieram me visitar em Barcelona, para onde eu havia migrado, e ao longo dos anos sempre mantivemos a amizade, a irmandade espiritual das paredes de escaladas. Aspecto que nunca foi alterado entre nós desde a conquista da via Sem Medo De Ser Feliz, da mítica Pedra do Segredo. Me sinto orgulhoso da minha escolha seletiva de 1989...

Outra pessoa que nunca deixou de se corresponder comigo nos meus 25 anos de migração, foi o meu professor de escaladas em solitário, o Edson Struminski (Du Bois), montanhista, engenheiro florestal, Dr. em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Migrar para dedicarme ao esporte na Europa, me privou de muita coisa, confesso, e neste meu processo de migração sem retorno, me emociona constatar que pouquíssimas vezes encontrei na Europa, este teor de irmandade dos tripulantes da nossa legendária escalada da Pedra do Segredo; Alexandre Prehn Zavascki, Guilherme Zavaschi e Edson Struminski. Que bom é olhar para atrás, e ver, constatar que fazíamos bem as coisas.

Me emociona ver que aproximadamente 28 anos mais tarde, mesmo retirado da escalada por motivos de saúde, o montanhista, engenheiro florestal, Dr. em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Edson Struminski (Du Bois), aguentando suas dores e sofrendo por causa de um câncer brutal e traiçoeiro, tenha se dedicado a escrever um incomparável "Prefácio" para ilustrar as primeiras páginas do meu projeto de 1º Livro de Poemas. Depois de 35 anos escrevendo poemas, com certeza vou publicar este meu primeiro livro, no Brasil, e este será outro motivo para celebrar paradigmas de irmandades com estes velhos amigos.


Faz aproximadamente 30 anos que impulsionei a Escalada em Rocha de Dificuldade no Rio Grande do Sul (eu, e também outros escaladores de Porto Alegre, porém, de momento, escrevo sobre minha própria história), e tenho tudo registrado nos meus diários de Escalada Livre e Romantismo Alpino, será sempre um prazer solucionar dúvidas e seguir aportando para o montanhismo, outrora com minhas conquistas e minhas escaladas arrojadas e arriscadas e pioneiras, e, agora com esta ferramenta, "O Blog do João Giacchin", assim como com minhas fotografias, poemas ou entrevistas que começarei a fazer com outros escaladores e atletas. Este Blog, pessoalmente, quero acreditar que é a evolução do saudoso FRIEND (o meu velho Boletim Informativo do Montanhismo Gaúcho)..
​
Aproveito esta oportunidade para explicar que como fotógrafo de escalada na ilha de Mallorca (paraíso indiscutível e incomparável do Psycobloc), estou disponível para acompanhar escaladores interesados do Brasil.
Entrem em contato comigo, e certamente nos divertiremos muito.
Se vocês organizarem suas viagens de escalada para Mallorca, eu posso ser o fotógrafo que registrará suas mais belas escaladas e suas melhores lembranças deste paraíso da escalada europeia.
Eis aqui meus contatos: joao.giacchin@gmail.com
Meu Site profissional: www.joaogiacchinphotography.com
 
Inspiração, tem no Blog do João.
​
Saudações desde Mallorca para meus eternos irmãos, Alexandre Zavascki, Guilherme Zavaschi e Edson Struminski (Du Bois). Foi um prazer ter compartilhado escaladas inesquecíveis e momentos da minha vida com seres humanos tão nobres como vocês.

Um abraço,
João Giacchin

Divulgação na Prensa da Escalada da Pedra do Segredo em 1990/91

Minhas divulgações da Conquista da via "Sem Medo De Ser Feliz" na Pedra do Segredo foram apoiadas pelos Jornais do Rio Grande do Sul, durante os anos de 1990, e 1991; como não existiam revistas de escalada, eu tive a idéia de publicar em Jornais de várias cidades, e esta foi também a minha forma de divulgar o Novo Movimento: meu Montanhismo Diferente, o início das Escaladas de Dificuldade, Escaladas em Solitário e Solos Integrais.
​
Ver artigos dos jornais:
* Timoneiro de Canoas, Ano 24, nº 1326, dia 30 de março de 1990.
* Folha de Canoas, Ano IV, nº 383, dia 30 de março de 1990.
* Red Point (Revista de Montanhismo e Aventura de Curitiba), nº 06, abril de 1990.
* Jornal A Razão, de Santa Maria, Ano 56, nº 163, dia 02 de junho de 1990.
* Jornal Radar, de Canoas, Ano VIII, nº 406, dia 23 de agosto de 1990.
* Ver artigo do FRIEND (Boletim Informativo do Montanhismo Gaúcho), nº 3, agosto de 1990.

* Jornal Destaque, de Esteio, Ano XIII, nº 580, dia 17 de maio de 1991.
* Jornal Vale Do Sinos, de São Leopoldo, Ano XX, nº 3.807, dia 24 de maio de 1991.
* Jornal Vele Do Sinos, Ano XX, nº 3.893, dia 03 de setembro de 1991.
* Jornal Zero Hora, de Porto Alegre, Ano XXVIII, nº 9.502, dia 08 de setembro de 1991.

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Romântica história poética do inusitado pampa Gaúcho - Parte II.

1/16/2017

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Vida poética de romantismo alpino nos anos dourados da Escalada em Rocha do Rio Grande do Sul; Me sinto honrado por ter participado ativamente desta bonita história de escalada em rocha como um dos pioneiros (entre outros); época que não volta mais, obviamente.
A nova escalada do Rio Grande do Sul, da década de 1980 do século passado, foi um movimento romântico e poético do qual participei com contundência; meu montanhismo organizado, solitário e relâmpago de escaladas arojadas e procedimento inovador, rompia esquemas, rompia paradigmas; meus estilo foi incisivo e minhas escaladas foram terminantes; nascía a escalada de dificuldade, poética e romântica; A tradição que tem no Rio Grande do Sul de fortes escaladores, vem desta iniciativa minha e deste movimento radical que eu manifestei com minhas escaladas solitárias e romanticamente difíceis para aquele período do século passado. A índole e o caráter do escalador Gaúcho vem deste movimento romanticamente definitivo; foi a partir de minhas escaladas que o escalador gaúcho se tornou conhecido em todo o Brasil e o Rio Grande do Sul se tornou reconhecido em todo o país como um potencial centro de escalada em rocha.

​
Em breve contarei três extraordinárias histórias de pioneirismo contundente e incisivo, a de um companheiro de escalada que influênciou e inspirou a todos os montanhistas gaúchos, e que se tornou, romanticamente, meu irmão espiritual, Edgar Kittelmann. A outra história que contarei, é de seu maestro incondicional, o guía alpino italiano, Giuseppe Gambaro. E naturalmente a história de Irene Fernándes para concluir; escaladora gaúcha e montanhista avançada para sua época. A tradição do montanhismo gaúcho vem de longe.

No entanto, me corresponde contar minha própria história; dentro do montanhismo e da escalada em rocha cada um tem o direito de relatar suas experiências e contar sua história.
Por ter sido uma etapa mágica na minha vida, tenho o maior interesse e prazer em conservar os fatos tal e como aconteceram, e relatar sobre minhas conquistas pioneiras do final da década de 1980 e princípio da década de 1990, história de vida e de um montanhismo que naqueles anos inspirou muito as novas gerações. E é uma honra poder contar histórias do século passado; neste capítulo, relato sobre o que acabei fazendo no final do ano de 1989; fazem 28 anos.

Eu andava encantado pela magia do montanhismo, na minha vida de poeta, aquela época foi um prato cheio para enriquecer minha poesia. Romanticamente, me sentia um verdadeiro alpinista numa região de pampas, coxilhas e inusitadas pedras.

Para mim, eram Pedras Preciosas que eu acabara de descobrir, e um prato cheio para que eu pudesse desenvolver uma de minhas paixões, a Escalada em Solitário. No início do meu descubrimento pelo montanhismo, quando eu mais precisava de pedras para praticar meu esporte, imaginem minha surpresa, encontrar pedras maravilhosamente virgens, ou seja, jamais escaladas. Isso me motivou muito, me organizei sozinho e fui praticar meu alpinismo romântico e poético. Atividade que tradicionalmente é denominado no Brasil por montanhismo, mas, na minha cabeça, eu gostava de pensar que fazia um alpinismo romântico e poético.

Todos sabemos que alpinismo é outra coisa, mas, além dos conhecimentos de montanhismo e escalada técnica em rocha, romanticamente eu me sentia alpinista, e como ninguém me tirava o direito de sonhar. Fui conquistar.
O resultado foi magnífico, inacreditável para aquela época, um resultado que superou as minhas espectativas; as pedras preciosas do inusitado pampa gaúcho eram quase todas virgens, sem nunca terem sido escaladas, muitas delas (as que não foram conquistados pelo ilustre, mítico e lendário Edgar Kittelmann).

Esta fotografia que eu fiz em 2016, denota o meu romantismo por esta paisagem que mudou parte da minha vida, que me fez crescer como homem e amadurecer como poeta. Na ocasião da minha conquista em solitário da mítica Pedra da Abelha, do município de Caçapava do Sul, fiquei uma semana sozinho nesta região; durante uma semana, não encontrei ninguém, nenhum ser humano; passava meus dias escalando e escrevendo meus poemas, e organizando o que muito me fazia feliz e satisfeito;, a conquista em solitário da Pedra da Abelha.

Desde Canoas, fui até Porto Alegre com o Trensurb, em seguida, para Caçapava do Sul em ônibus. Dentro do ônibus, inquieto, escrevia poemas. Desde o centro de Caçapava do Sul, saí caminhando para a base da preciosa Pedra da Abelha, uma alma do bem levou-me de carona e a caminhada foi mais tranquila, apesar do peso; levava uma muchila carregada com utensílhos indispensáveis: uma corda, grampos caseiros fabricados artesanalmente por mim, duas brocas, uma marreta, um capacete, e uma série de outros materias de equipamentos para escalada técnica em rocha, além disso, levei um saco de dormir, uma rede de dormir, frutas e verduras para serem comidas cruas (não tinha fogareiro), e água também levei. Além disso, meu indispensável caderno de anotações poéticas. No meu montanhismo solitário, era onde eu mais consegui escrever e desenvolver a poesia que eu imaginava.

Escalava conquistando a Pedra da Abelha durante o dia, e escrevia poemas durante meu tempo de descanso. Atividade prazerosa que incorporava dentro de mim uma espécie de sentimento diferente pelo montanhismo tradicional; na minha cabeça, primeiro e antes de tudo, ondulava um estado de poesia incomparável, logo, na minha cabeça eu era um escalador de rocha que, sozinho, apreciava a descoberta do novo, do inusitado, e nesta especial ocasião, também do inconquistado, que era a fabulosa Pedra da Abelha.

Eu já havia realizado uma escalada na pedra situada ao lado direiro da Pedra da Abelha (ver fotografia), neste mesmo ano de 1989, e, nesta ocasião, fiz a escalada acompanhado por uma familia de Canoas, que eram apaixonados por natureza e por montanhas. Me deram segurança física, segurança típica e tradicionalmente empregada em montanhismo, e metro por metro, escalei conquistando uma nova escalada, que hoje, 28 anos mais tarde, é considerada uma das escaladas mais clássicas do montanhismo do estado do Rio Grande do Sul, minha escalada "Obrigado pela Vida", na majestosa Pedra do Bugiu (que se tornou uma das míticas escaladas que realizei neste período por mim definido circunstancialmente como os Anos Dourados do montanhismo no Rio Grande do Sul; dos meus anos dourados (neste caso, relato minhas experiências, não me refiro às atividades dos pioneiros mais antigos, explico aqui, neste caso, minhas experiência, assim como não relato aqui, de momento, as muitas expreiências de outros escaladores).

A circunstância era favorável para realizar meus sonhos de poeta gaúcho, e aproveitava cada momento, cada nova aventura, cada novo projeto de escalada. Como escalar em solitário eram ocasiões importantes para desfrutar da minha paz de espírito, usualmente nem explicava para minha familia onde ía; desaparecia... Me desconectava do mundo escalando uma pedra importante e virgem e cuidando da minha cultura de escrever poesia.

Na minha infância e adolecência, não aprendi a ser gaúcho tradicional, mas aprendi a ser um poeta com sentimento pela terra; o incomprável compositor da incomparável letra de Céu, Sol, Sul, Terra e Cor, o Jader Moreci Teixeira, o saudoso músico Leonardo Gaúcho, era meu tio e com ele, considero que aprendi a pensar poeticamente. Na minha cabeça, a minha escalada em solitário na Pedra da Abelha precisava ser batizada com um nome poético, e assim aconteceu: batizei a 1ª escalada técnica da Pedra da Abelha com o significativo e romântico nome de, "Absolutamente Absorto". E naturalmente, como de costume, uma das minhas poesias se chama Absolutamente Absorto.

Nas minhas horas de descanso, desenhava o trajeto da escalada que eu estava fazendo, que hoje em dia, é o único Croqui feito por mim que existe desta escalada (ver fotografia). Outro exemplo de romantismo pelo montanhismo que eu desenvolvia, original, criativo e poético.

Cada um conta as estórias que têm e suas próprias experiências; esta é a romântica história das pedras preciosas do inusitado pampa gaúcho; minha história pessoal, de romantismo alpino e cultura poética. Cada um sonha como quer, cada um faz de sua vida o que desejar, eu, optei por ser poeta desde minha longínqua infância, e atualmente, fazem mais de 35 anos que escrevo poesias, e um dos meus projetos é publicar meu 1ª livro de poemas. Assim como escalar montanhas e pedras preciosas enriquece o ser humano, escrever poemas enriqueceu minha identidade, renovou minha vida e me amadureceu como homem. Hoje, considero que sou melhor pessoa porque dediquei parte da minha vida a um montanhismo sensacional, criativo, pioneiro e poético para a época, o que considero outra tendência da que predomina atualmente.

Será um prazer publicar meu 1º livro de poemas no Brasil, 25 anos após o meu processo migração e depois  de dedicar mais de 35 anos à escritura de poesias.

Um grato prazer contar a história de um montanhismo pioneiro, de escaladas em solitário e estado poético.
Como diz meu poema "Histórias para Contar":
- Êxito, é ter histórias para contar.
E a vida, para caminha.


Saudações desde Mallorca, desta fabulosa e encantadora ilha do mar mediterrâneo.
João Giacchin
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Com conduta assertiva e novos paradigmas de treinamento para escalada em rocha amadureci como atleta no século passado.

1/13/2017

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O mais importante é desfrutar e não sofrer; A tendência do atleta moderno na suposta escalada de rocha tem sido lesiva, com ferimento físico e dano moral; prejudica e danifica. No semblante do escalador moderno, se percebe mais esgotamento físico do que estado de felicidade.

De forma contundente, aqui neste espaço, falarei com propriedade sobre este assunto que ilude a muitos escaladores modernos; o treinamento específico para escalada em rocha não deve ser algo para amargar a vida de ninguém, muito menos gerar semblantes de tristeza em jovens escaladores que poderiam usar seus talentos para escalar bem (e ser bons atletas se este for o objetivo).


Influenciados por supostos qualificados atletas e ou, supostamente iludidos por professores formados a base de um curriculum fraudulento e nenhum curriculum de bons escaladores, e iludidos com eventual evolução aparentemente rápida, muitos futuros bons escaladores se convertem em escravos de um tipo de  treinamento específico demasiado esgotador e de caráter excessivamente prejudicial; convenhamos, deixar-se enganar, por que? 

O que mais se percebe hoje em dia, pelo menos na Europa (e no mundo à fora), é uma generalizada insatisfação muito mais relevante, do que semblantes felizes e alegres por serem satisfatoriamente escaladores de rocha, que sempre foi uma atividade fascinante e prazerosa. O que nos distingue das outras pessoas e de outros atletas, é a nossa capacidade de realizar-mos escaladas humanamente impossível para o resto da humanidade, e, de forma aparentemente natural.

A escalada natural requer condição física adequada e estrutura psicológica saudável; com esgotamento físico e rosto deprimido por fracaso, obviamente não nos realizaremos como escaladores e muito menos como atletas.

Se percebe uma geração inteira de pseudo-atletas exaustivamente esgotados, aniquilados e humilhados por uma mentalidades ilusória; uma mentalidade escravizadora desenvolvida a base de um programa de treinamento destrutivo para a escalada de longo prazo; escravizar-se em pouco tempo e acabar frustrado com a escalada natural, não dignifica nem acrescenta experiência.

Em algum outro momento seguirei com este interessantíssimo tema, que envolve emoção, sacrifício e a própria saúde; a disciplina de um treinamento construtivo, efetivo e menos lessivo, menos escravo e mais alegre.


Falarei sobre um assunto no qual estive meditando profundamente, e do qual obtive gratos benefícios; a minha proposta de treinamento como atleta que fui e, como escalador de rocha do século passado; meus próprios estudos e minhas próprias conclusões (minha experiência não foi baseada em doutrinas fraudulentas de inexperientes treinadores e pseudo-instrutores); técnica de escalada aprendi escalando com alguns dos melhores escaladores do mundo, e treinamento, praticando de forma autodidata, e com excelentes amigos.
​
Meu conselho em particular, é:

Conduta assertiva, novos paradigmas de treinamento alegre e eficaz, resiliência mecânica na disciplina atlética e entusiasmo incomparável; como atleta, foi isso que fiz no século passado, e funcionou.

Saudações, e boa semana (de feliz escalada e menas insatisfação no esporte),
João Giacchin
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FRIEND - Inspiração que tive em 1989 / Uma iniciativa Pioneira.

1/13/2017

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Considero que em 1988 tive uma inspiração; cuidar de minhas aspirações. Me iniciei no montanhismo e inventei o FRIEND... Saudoso BOLETIM INFORMATIVO DO MONTANHISMO GAÚCHO. Com minhas atividades e esta folha de papel, divulguei a nova escalada do Rio Grande do Sul em todo o Brasil.

O Rio Grande do Sul começou a aparecer no Brasil como centro de escalada em rocha, a partir de minhas escaladas, de minhas viagens de escaladas e com o FRIEND (que eu enviava pelo correio, de casa em casa, para escaladores de todo o Brasil). Outra história de romantismo.

Devido a minha migração para Europa, na Itália me empenhei com muitas atividades novas, e parei de organizar o FRIEND, No total, foram editados apenas 3 número deste boletim informativo. Pelo que sei, foi muito bem apreciado em todo o Brasil, e no Rio Grande do Sul, muitos escaladores sentem saudades deste informativo caseiro, o FRIEND.

Em breve seguirei escrevendo mais sobre este saudoso jornalzinho de uma folha que causou tanto impácto e que foi a ferramenta usada para divulgar por todo o Brasil, em 1989/1990, minhas escaladas e a nova escalada do Rio Grande do Sull; movimento que eu criei com minhas arojadas escaladas de então, em solitário (e com parceiros), e com várias idéias que só deram frutos positivos.

Depois de quase 30 anos, encontro outra ferramenta para divulgar meu romantismo pelas montanhas, minhas fotografias como fotógrafo de escalada em rocha, minhas histórias para contar, e ou, meus poemas. Precisava de um nome a autura do velho FRIEND, e optei por chamá-lo, provisionalmente de: Blog do João Giacchin.
Com esta ferramenta que sempre me lembra o FRIEND, espero, em breve, visitá-los de porta em porta, como nos velhos tempos.

Saudações!
​Inspiração, tem no Blog do João.

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O discernimento ético de um sábio que escalava montanhas.

1/12/2017

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Uma honra anunciar que a partir de agora vou realizar outro projeto inspiracional;
Entrevistar a habituais montanheses e inusitados expedicionários,
bravos alpinistas, atletas inspiracionais e autênticos escaladores
(entre outros aventureiros).


Crédito da Imagem do fotógrafo: Neni Glock
​

O primeiro, não podia ser outro.
Lhes apresento o icônico, mítico e saudoso escalador de rocha e montanhista:

Edson Struminski (Du Bois)


​1ª. Na tua genética se detecta algo de antigos sábios que mimam as montanhas, se percebe a perspicácia de eruditos escritores que plasmam a ética do saudável panorama de montanha. Quando foi que sentiste a voz da montanha te chamando para que te sentaras em seu colo? Quando começaste a descobrir o saudável mundo do montanhismo?

A cidade onde eu vivía (Curitiba, no sul do Brasil) é cercada de montanhas. Faz parte de um certo “ritual da adolescência” fazer um passeio, em algum momento, por estas montanhas. Para mim, o passeio foi mais fundo e desembocou em um curso de escalada (mantido pelo único clube de montanhismo ativo na época) e depois, eu acabei persistindo na escalada.
 
2ª. Praticamente, ou usualmente, um iniciante começa influenciado pelas companhias: No final dos anos 70, quem te influenciou?

Um dos instrutores do curso de escalada viu algum potencial em mim e me “adotou”, com isto tive a oportunidade de aprender não só o básico, mas também algumas atividades mais “avançadas”, logo de início, como a abertura de novas vias, o que atiçou muito minha curiosidade sobre coisas novas no montanhismo.
 
3ª. Cultura de montanha começa com leituras interessantes ou começa numa trilha em direção ao inesgotável mundo montanhístico?

As duas coisas se complementam. A trilha e a escalada te familiarizam com o ambiente de montanha onde você pratica esta atividade e a leitura abre teu horizonte para mundos paralelos da escalada.
 
4ª. Sendo natural do estado de Minas Gerais, com privilegiadas províncias de formações calcáreas, como foi a tua migração para o estado do Paraná e para as montanhas graníticas da Serra do Mar?

Minha migração para o estado do Paraná foi no colo da minha mãe, pois não tinha nem um ano de idade. Na prática, me criei no sul do Brasil e as primeiras montanhas que vislumbrei foram nesta região.

5ª. "Um campo escola de montanha serve para desenvolver práticas de escalada técnica, seja acompanhado ou sozinho." Lembro destas tuas palavras quando te conheci no morro Anhangava, na Serra do Mar do Paraná, em 1988 e no dia em que conversamos pela primeira vez, enquanto eu estava aprendendo a montar e desmontar reuniões e paradas num platô granítico e chegaste no mesmo ponto, solando (escalando sem corda). Então, além de desenvolver habilidades como escaladores,  em um campo escola de escalada, também podemos encontrar futuras companhias e futuros amigos?

O morro Anhangava, em particular, é um excelente campo escola, pois permite exercitar uma enorme variedade de técnicas e estilos de escaladas em pedras que vão dos 5 aos 120 metros de altura com variadas dificuldades, além de proporcionar espaço para treinar atividades de montanhismo que são essenciais em outras montanhas mais exigentes, como andar em áreas expostas com mochilas pesadas ou praticar o bivaque improvisado. É, enfim, uma escola de montanha “dura”, mas que te deixa bem preparado para enfrentar outros desafios. Nós podemos arranjar ótimos parceiros em um ambiente como este, assim como excelentes desafetos, dependendo de quanto somos apaixonados pela coisa.
 
6ª. Quando, como, onde e porque começaste a desenvolver técnicas de escaladas em solitário? Por romantismo alpino? Por auto-suficiência? Ou, por ser a escalada em solitário um fascinante método de desenvolver-se como escalador?

Por um motivo até pouco nobre. Eu, pretensiosamente, achava que poderia fazer uma escalada no Marumbi (local icônico, com grandes paredes na Serra do Mar paranaense), mas não estava preparado e, com isto, acabei “quase me matando” umas três ou quatro vezes. Quando me dei conta disto entrei em choque e depois, mais humilde, percebi que tinha que aprender a me proteger, inclusive treinando escaladas em solo. São formas de escalada belas, tranquilas e, ao mesmo tempo impressionantes, mas que exigem concentração e cuidados especiais, pois a última coisa que um escalador solo deve fazer é se envolver em um acidente e, com isto, causar dificuldades para os demais escaladores que teriam de ir resgatá-lo (ao final terminei a tal escalada em solitário, com cerca de 300m).
 
7ª. Participaste ativamente abrindo novas vias de escaladas na Serra do Mar do Paraná. Além de abrir vias de escalada esportiva no campo-escola Anhangava, também começaste a conquistar vias de grandes paredes no complexo do Marumbi e em outras montanhas da Serra do Mar; quais escaladas consideras como tuas principais conquistas?

Bem, depois de quase 40 anos, devem ser dezenas (ou centenas) de vias abertas em diferentes lugares do Brasil e da América do Sul. Eu vejo elas em três categorias básicas:
Desportivas, ou vias bem protegidas por chapas, com grau de dificuldade alto e acesso fácil;
Vias de montanha,  protegidas por chapas ou material móvel, porém mais subjetivas em termos de dificuldade e com acesso dentro de um dia de jornada.  
Vias de aventura,  protegidas ao mínimo, ou sem nenhuma proteção (solo), sendo que a dificuldade inclui acesso longo, escalada com bivaque e longas caminhadas para voltar da montanha (algo como 3 a 5 dias de expedição).
As desportivas me deram mais notoriedade entre um grupo maior de escaladores. As vias de montanha são aquelas que atualmente o pessoal chama de “clássicas”, ou a “cara da geração dos anos 1980”, são bem “glamourizadas” e, eventualmente recebem uma ou duas repetições por ano.
Já falar destas de aventura é a mesma coisa que falar Marte para os escaladores, ou seja, estão em um mundo tão distante que ninguém foi lá repetir, pois nem sabem em que planeta ficam. Pensando bem, quem se dispõe a caminhar dias em um terreno perigoso (uma floresta tropical íngreme), escalar e bivacar em uma parede pouco amistosa e depois caminhar, de novo, dias em um terreno perigoso apenas para comentar que “repeti a via tal do Du Bois”. Melhor, acho, seria abrir uma via nova em outro lugar. Ou pior ainda, quem se dispõe a caminhar dias, escalar uma via de centenas de metros, com um “crux”, ao final, de um 8ª (?), sem corda ou qualquer proteção, apenas porque quer viver a aventura que eu vivi solando uma determinada parede?
Então estas vias de aventura que tive a oportunidade de fazer, seja solando ou com ótimos parceiros, sem deixar nenhum traço na montanha, são as que melhor definem minha filosofia como montanhista, embora eu entenda que sejam as menos representativas do ponto de vista do montanhismo local, porque exigem uma condição muito peculiar para serem repetidas.

8ª. Além de dedicarte a eventuais, esporádicas ou costumeiras escaladas em solitário; Quais foram os teus companheiros de escaladas?

Tive ótimos parceiros de escaladas, mas eu evitaria listar os nomes deles aqui pelo risco de esquecer algum, o que sempre é possível, algo que seria deselegante da minha parte.
 
9ª. Recordo que afortunadamente tive o privilégio de ser muito bem aceito e especialmente bem acolhido pela comunidade de escaladores da Serra do Mar e da Cidade de Curitiba; o montanhismo sempre gera boas relações, ou, sou eu que tive sorte afortunadamente em destaque?

Bem, somos humanos, então o montanhismo pode tanto gerar boas relações, como brigas homéricas, que acabam, às vezes, na justiça. Então, algumas das melhores e das piores pessoas que conheci, foram nas montanhas. Acho que você teve sorte.
 
10ª. Conciliar teu esporte favorito com os estudos e logo com uma faculdade de engenharia florestal, mestrado, doutorado, publicações de livros e treinamentos específicos para a escalada em rocha, além de ter sido pai de família, deve ter sido, além de sacrificado, também um prazer. Tua cultura de montanha ajuda na tua cultura acadêmica ou é tua formação acadêmica que ajuda na tua cultura de montanha? O que diria o engenheiro florestal e montanhista Du Bois?

Diria que uma coisa ajudou a outra e ambas ajudaram a me definir como pessoa e justificar meu papel neste mundo.
 
11ª. Como engenheiro florestal, criaste e participaste de projetos importantes de calibre nacional, como a criação de parques e reservas naturais. Qual é o sacrifício e o retorno de dedicar uma vida inteira aos cuidados de montanhas?

Também adotei como minha filosofia de vida deixar os lugares melhores do que quando cheguei, fosse coletando lixo em um trilha, fosse desenvolvendo um trabalho de consultoria de alta complexidade, como propor um parque em uma região. Nunca vi esta atitude como sacrifício e o retorno que me trouxe variava da minha satisfação pessoal a poder ver um ambiente natural antes degradado e hoje recuperado, a ver pessoas replicando esta minha atitude de respeito aos lugares.
 
12ª. Influenciado por amigos e escaladores como tu, em 1988 descobri que eu tinha afinidade para com as formações rochosas e certo dom para as escaladas e tendência a deixar tudo na vida pelas escaladas e pelo montanhismo; fui contaminado pelo vírus da pedra! Graças a este saudável vírus, quando retornei ao Rio Grande do Sul, no final de 1988, então, já tinha autonomia para conquistar minhas próprias escaladas e foi o que fiz. Foste o primeiro "escalador de fora" a descer ao sul, até o Rio Grande do Sul, para me visitar e apreciar meu trabalho; lembro de tuas palavras: "Parabéns Giacchin, não imaginava que você tivesse feito tanto em tão pouco tempo". Era o 90% das escaladas do Rio Grande do Sul que levavam o meu nome como conquistador, na maioria escaladas conquistadas em solitário. Durante muitos anos, ficamos sem receber visitantes de fora, mas foste o primeiro a reconhecer que no Rio Grande do Sul algo se manifestava positivamente e, uns 20 anos após, como blogueiro, escreveste no teu admirável Blog do Du Bois, que eu era um verdadeiro príncipe das montanhas, com estas palavras e outras, ajudaste a manter, no tempo, parte dos fatos ocorridos no Rio Grande do Sul dos anos 80 e princípios dos 90; Quais são tuas lembranças daqueles anos? Além de deixar coisas, o que levaste de positivo do Rio Grande do Sul?

Bem, já escalei em vários lugares de montanha do Brasil de rara beleza: Itatim, na Bahia, Salinas, no Rio de Janeiro, Pico Paraná, no Paraná, mas a lembrança que levei de mais positivo do Rio Grande do Sul naquele período foi ter conhecido um jovem escalador, poeta e artesão chamado João Giacchin. Um personagem como este nunca mais encontrei.
 
13ª. No final da década de 1980 do século passado, considero que iniciei um movimento novo no Rio Grande do Sul; mundialmente conhecido como Escalada de Dificuldade (eu não perdia tempo, ocupava o meu tempo em criar cada vez mais, novas e criativas escaladas, que hoje, 30 anos mais tarde, são algumas das escaladas mais clássicas do estado do Rio Grande do Sul. Obras de arte como as escaladas denominadas como, "Sem Medo de Ser Feliz" a escalada mais clássica da mítica Pedra do Segredo de Caçapava do Sul, e "El Cabong", via de escalada esportiva de grande beleza do “meu” campo escola de escalada esportiva Morro de Sapucaia, no município de Sapucaia do Sul, duas escaladas boas que participaste comigo, conquistando; além de ter repetido praticamente todas minhas conquistas daquela época de ouro, vias que eu abri todas em solitário, em arenito e conglomerado. Além de ter participado do final da conquista de destaque nacional da fabulosa Pedra do Segredo. Que impressão levaste da nova escalada livre do Rio Grande do Sul, este movimento novo que eu tinha batizado com minha criatividade de primeiras solitárias, primeiros solos (escaladas sem corda), e primeiros boulders (escaladas de blocos de pedras pequenos que não precisam de proteção com corda)?

Naquele momento eu achei que estas vias estavam totalmente sintonizadas com o que aconteciam no mundo. Apenas lamento o fato de você, Giacchin, não ter tido a chance de permanecer no Brasil e orientar, mais de perto, o desenvolvimento do esporte na sua terra.
 
14ª. Passados mais de 20 anos, voltaste a visitar o Rio Grande do Sul, e encontraste o terreno fértil no qual semeei as melhores sementes que eu tinha, com tudo brotado, crescido e bem desenvolvido. Se nota que o Rio Grande do Sul realmente era um bom lugar para escalar e os novos escaladores seguiram a minha linha de ética saudável e escaladas fortes, Guilherme Zavaschi, Vinícius Todero, entre muitos outros . Como foi o teu reencontro com o Rio Grande do Sul?

Sem dúvida, o Rio Grande do Sul realmente é um bom lugar para escalar, por conta da originalidade das suas formações rochosas e das vias que foram abertas ali. Em termos de ética, que é um tema complexo, enxergo sua presença aqui como a de um cometa. Em alguns casos iluminou muitos e mostrou um caminho, em outros, acabou ofuscando e gerando medo e confusão, por conta do seu brilho intenso e da falta de compreensão por parte de alguns da comunidade de escaladores, da importância do seu papel na escalada gaúcha. Acho até compreensível isto, pois a imagem que se tem do João Giacchin é a de um mito e não a de uma pessoa de carne e osso.
 
15ª. No final dos anos 80, além de escrever meus poemas pelas paredes e pedras do sul, disse, certa vez: "Algum dia abriremos no Rio Grande do Sul algumas das vias de escalada livre mais difíceis do Brasil", e minha modesta "Profecia", se percebe estampada no incomparável setor de escalada livre "O Teto", lá na igualmente incomparável Gruta da Terceira Légua, a cargo do meu amigo Marcos Vinícius Todero, o jovem protagonista que equipou e encadenou há vários anos atrás, sua impecável via "Disciplina não ter, Jedi nunca será" a escalada batizada como primeiro 11a do Brasil, isso além de ter equipado e encadenado no mesmo teto, umas 10 vias de como mínimo 10a, 10b e 10c. O futuro da Escalada Livre do Brasil também passa pelo Rio Grande do Sul, e não raramente, em bom estilo e de boa ética (me sinto orgulhoso dos meus engenhos como um dos pioneiros da escalada de dificuldade para que a nova geração esteja se beneficiando). Me interessa muito saber tua opinião sobre os novos escaladores do Rio Grande do Sul e a evolução neste inusitado pampa de arenito, conglomerado, granito e basalto e outros resquícios de pedras boas para escalar?! E, se te agrada a minha bem sucedida "Profecia"?!

Em parte esta pergunta já respondi na anterior. Não tenho dúvida que você influenciou muitos com suas escaladas arrojadas. Mas também é fato que alguns estados do Brasil já contam com décadas de tradição e transição entre gerações de montanhistas (Rio de Janeiro e Paraná, por exemplo). É possível saber o que montanhistas fizeram há cem anos atrás, 50, 20, os traços estão nas trilhas e pedras das montanhas. Em alguns casos ainda existem pioneiros vivos que nos contam sobre seu tempo, com vozes apaixonadas, o que para mim é o âmago desta continuidade (pois mesmo que haja ruptura entre gerações, a paixão pelo esporte deve permanecer). Com isto lamento que sua terra não estava pronta para mantê-lo por aqui, teria sido de grande valor para o amadurecimento pleno do esporte.

16ª. Além da mesma afinidade esportiva, também nos dedicamos a migrar. Por que migramos, se poderíamos sentar raízes num município rochoso e sermos escaladores locais que passam grande parte de suas vidas escalando nas mesmas pedras? Porque nos tornamos forasteiros e migrantes, além de montanhistas e escaladores, pedreiros ou engenheiros florestais?

Bem, a vida não é apenas a escalada ou a montanha. Muitas coisas podem nos levar a migrar: nossa subsistência, curiosidade  por ver novos lugares, novos amores, manter nossos filhos ou a mera e simples necessidade de sermos reconhecidos.
 
17ª. Finalmente tiveste a oportunidade de morar uma temporada boa no extremo sul do Brasil e voltaste a escalar pelas províncias de Bagé e Caçapava do Sul. O Rio Grande do Sul ainda te atrai. Cruzando a fronteira e entrando no Uruguai pela bonita cidade de Rivera, tomas estrada e acampas no Cerro Palomas. Voltas a escalar como em plena juventude aos teus 50 anos de idade e deixas para trás todo um campo escola batizado com tuas escaladas. Como é escalar no Uruguai? Que pedra predomina na região? E como foi a recepção dos vizinhos uruguaios?

Bem, o que me atraiu, na verdade, foi conhecer Miriam, minha atual e amorosa companheira, que mora na fronteira com o Uruguai. De brinde encontrei um parceiro disposto para escaladas na região e uma enormidade de cerros em arenito recozido no Brasil e Uruguai, além dos conglomerados já conhecidos. Neste caso fica difícil resistir à tentação de sair abrindo vias. Tive o cuidado de só abrir vias em móvel no Uruguai, pois não vi nenhuma chapa nos lugares onde andei. No lado brasileiro abrimos vias em móvel e com chapas. Só estou mais contido por motivo de doença, não por idade, que às vezes ainda me esqueço qual é.
 
18ª. Foste o projetista, fundador, editor e escritor da saudosa e bem conceituada Red Point, a Revista de Montanhismo e Aventura do final dos anos 80 do século passado (eu tenho toda esta coleção raríssima). Quase ninguém lembra, quase ninguém viu, quase ninguém procura saber. A cultura de montanha, a cultura de escalada em rocha, se compra ou se angaria com atitudes otimistas e busca pessoal?

A cultura de montanha diz respeito a coisas materiais e imateriais. Se o poeta João Giacchin fizer uma poesia sobre a montanha em um papel (material), alguém ler e transformar em uma música que será cantada (imaterial), nós teremos uma cultura de montanha. Um abrigo de pedra é tão cultura de montanha quanto uma linha de escalada inteira em solo em uma parede. São manifestações humanas.
 
19ª. Parte do meu projeto de livro, escrevi pelos blocos de pedras, paredes das falésias rochosas e paredes de montanhas que escalei; uma forma autêntica e pessoal de conservar o romantismo alpino e poético que bombeia meu coração. Ainda me sinto um romântico alpino. O que perdemos e ganhamos na atual tendência da escalada moderna?

No meu entender o romantismo na escalada tem e sempre terá lugar no mundo da montanha. Apenas temos que entender que hoje a escalada abarca valores dos mais diversos. Temos um lado claramente competitivo (campeonatos, olimpíada), um lado claramente comercial ou utilitarista (uso da montanha como fonte de geração de renda ou de benefício pessoal), um lado científico (gente que usa técnicas de montanhismo para gerar informações científicas), enfim, o risco que existe é o de deixarmos que nosso lado romântico entre em conflito com pessoas com outros valores na montanha.
 
20ª. Companheiros de escalada e de alpinismo sempre acabam como irmãos espirituais, ou sou eu que sou um excepcional afortunado? Edson Struminski, Alexandre Portela, Guillherme Zavaschi, Alexandre Zavaski, Isaac Cortès, Óscar Gimènez, Vinícius Todero, Iker Pou… Minha lista de escaladores amigos que se converteram em irmãos espirituais é pequena, mas incomparável. Qual é a tua opinião, qual é o teu parecer?

Pois então, em alguns momentos identificamos estas pessoas, irmãos e irmãs espirituais, que conhecemos no mundo da escalada. São poucos e esta pergunta me faz lembrar que alguns já se foram deste mundo, assim, apenas podemos esperar encontrá-los em algum momento.
 
21ª. "Êxito, é ter histórias para contar. E a vida, para caminhar." Como diz o meu verso/poema, Histórias para Contar. O espaço desta vigésima pergunta é teu Du Bois; me conte algo que muito te transmite inspiração, por favor…

Coisas que crescem, Giacchin. Ver meus filhos que carreguei no colo crescendo, árvores que plantei na montanha crescendo, o amor e o respeito pela minha nova companheira crescendo.
 
22ª. - Inspiração, tem no Blog do João. Esse é o nome mais oportuno que encontrei para definir o meu blog. Como blogueiro, inicio, paulatinamente, um espaço de entrevistas para seguir em contato com quem muito aprecio e com quem especialmente me transmite inspiração. Me interessa muito o efeito ou o resultado do que foi criado a partir de um estímulo de inspiração. De onde vem a tua inspiração?

Neste momento estou enfrentando uma doença feroz que ameaça me deixar aleijado para sempre ou coisa pior. Então a inspiração vem de coisas menos usuais, até mesmo me dedicar a responder esta entrevista, por exemplo.
 
23ª. No meu eterno processo de migração sem retorno, vivo fora do Brasil há 25 anos. Amadureci como homem e me desenvolvi melhor como ser humano escalando montanhas, escrevendo meus poemas, fotografando, aprendendo novos idiomas, desenvolvendo habilidades e aprendendo muitos ofícios. Não conheço “Zona de Conforto”; imigrante não pode perder-se pelo caminho. Pergunta: no teu processo de migração interna, sem ter deixado o Brasil, sempre aproveitou o teu tempo, estudando, escalando montanhas, publicando livros. Tu crê que os jovens de agora sobreviverão a este disperdício banal e temporário que predomina na vulgar cultura brasileira?

Penso que existem jovens conformistas que se contentarão, em qualquer circunstância, com o que lhes for dado, preferentemente sem muito esforço, assim como sempre existirão aqueles que, menos conformistas, trarão inovações no mundo da cultura, da política, do esporte, da ciência, do que for. Apenas espero que o Brasil proporcione condições para estas pessoas se manterem aqui e não serem obrigadas a migrar para terem seus talentos reconhecidos, como aconteceu com o João Giacchin.
 
24ª E para ir finalizando, uma pergunta que sempre faço: A rocha é um elemento natural; composição da formação do universo... Que alquimia é esta que tem este elemento, que tanto nos seduz? Porque escalamos montanhas?

​Como já disse um montanhista famoso, eu escalo montanhas porque elas estão lá. Elas me atraem, é só isto.
 
25ª. Como professor universitário que não comprou seu diploma, qual o teu conselho para os jovens brasileiros que tenham interesse numa vida saudável, incluindo um esporte, estudos, vida cultural e esperança?

Paixão e dedicação. Paixão, para encontrar um tema na vida que lhe atraia e distingua na sociedade e dedicação, para elevar este tema ao máximo possível.
 
26ª. Ultima pergunta: qual é o prêmio? O que levamos por dedicar-mo-nos toda uma vida escalando pedras, absurdamente difíceis para outros seres humanos?! O que diria um engenheiro florestal, um escritor de montanha e um escalador tão comprometido com a própria escalada assim como com a educação dos montanhista na montanha?!

​Acho que você já respondeu a esta pergunta. O que é absurdamente difícil para outros seres humanos é natural para nós. No meio de uma humanidade imensa, achamos algo que nos distingue, sorte nossa…
Du Bois... Infinito agradecimento por conceder-me esta entrevista; transmite muita inspiração!
João Giacchin
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25 anos de migração;  ambivalência cosmopolita bem aproveitada.

1/12/2017

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No aconchego da minha ambivalência cosmopolita, celebro 25 anos de migração. 
Desejo muito escrever sobre este processo migratório que mudou minha vida e enriqueceu minha identidade poética.
Muito em breve acabarei este relato que provavelmente me aproximará de entes queridos e inesquecíveis amizades.
Vivi em quatro países, aprendi 5 idiomas, aprendi uns 14 ofícios profissionais, fui o 1º escalador de rocha latino americano a treinar como um atleta para buscar êxitos de nível internacional na Catalunya, portanto, na Europa.
Enriqueci como ser humano, amadureci como homem e vivenciei experiências incomparáveis; no aconchego do meu sossego e na minha paz de espírito, preparo o meu 1º Livro de Poemas. Espero em breve poder compartilhar com todos o resultado artístico poético de mais de 35 anos de poesia.

Neste Blog, será um prazer contar partes de minha história de vida como montanhista, artesão, poeta, fotógrafo e ex-atleta brasileiro, história bem fadada que inclussive influenciou as novas gerações de escaladores do Brasil.

Saudações, desde Mallorca, esta fabulosa ilha do mar mediterrâneo.
João Giacchin

POEMA DO EXÍLIO
Poema de João Giacchin
 
Esquecer o sol dos trópicos
e emudecer minha boca cansada.
Eis um caminho utópico;
Um sentimento de homem castrado,
De mim torturado, mal curado;
Por mim abandonado num suburbio baldio.
Sadío, tornar-se-à, o homem valente e irredutível.
 
Quem sou eu, em realidade pode ser muitas coisas.
Muitas coisas por inquietudes, e muitas coisas para sobreviver.
Muitas coisas me tornei, para não perder a identidade.
Muitas coisas fui, para não perder a dignidade.
Serenamente em meu desterro voluntário,
levo vida de migração sem retorno.
Em exílio voluntário, a identidade não se perde; eu, a enriqueço.
 
E eis uma opção sustentável nestes tempos difíceis;
Reinventar-se em variedade, para compreender a diversidade.
Variedades de medos e receios em quantidades.
Ninguém está disposto a arriscar-se demasiado.
E eis um remédio substancial; desprovinciar-se,
Para entender a finalidade sem fim de cosmopolitizar-se.
 
Primordial seria reconhecer, e evitar padecer.
É essencial comer quantidade para crescer de verdade.
Eis aqui uma oportunidade; renovar-se.
E uma condição de dignidade, reinventar-se.
 
Em exílio voluntário, a identidade não se perde; eu, a enriqueço.
Sadío, tornar-se-à, o homem valente e irredutível.
Eis minha rica receita de finalidade sem fim que jamais esqueço.
Sadío, tornar-se-à, o homem valente e irredutível.

Poema do Exílio; é um dos poemas que fará parte do 1º livro de João Giacchin

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Relato: 1ª Expedição de Big Wall em Solitário no Itaimbezinho, 1994.

1/12/2017

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Um visionário alpinista Italiano teve um sonho na década de 1950, do século passado; escalar as paredes do Cannyon do Itaimbezinho... Giuseppe Gambaro, um autêntico e experiente Alpinista e Escalador de Rocha formado nas fabulosas montanhas da Itália (Le Dolomiti), ao migrar para o Brasil, na década de 1940, que corresponde um dos períodos de pós-guerra, fixou residência em Porto Alegre e, no Rio Grande do Sul fez sua vida.

Giuseppe Gambaro fez vários projetos e algumas tentativas de aproximação (foi este Guia Alpino quem localizou a entrada para o interior do cânion, e catalogou e registrou o descubrimento). Foi um bravo alpinista, e por excelência, o precursor pioneiríssimo que tanto influenciou o montanhismo e a escalada em rocha no Rio Grande do Sul. Seus conhecimentos, foram obviamente captados por seu mais inquieto dicípulos Edgar Kittelmann.

Giuseppe Gambaro jamáis conseguiu realizar seus dois sonhos de alpinista e escalador de rocha; escalar o mítico pico Fitz Roy na Patagônia (nos anos 40...), e, as grandes paredes do cânion do Itaimbezinho, no estado do Rio Grande do Sul (fez algumas caminhadas de aproximação, descubriu a entrada do cânion, oficializou a entrada registrando em vários meios, mas jamais conseguiu realizar seu sonho).

Seu mais experiente discípulo, Edgar Kittelmann também teve este sonho (chegou a descer cânion a dentro para investigar as paredes, ocasião em que devido às tempestades e excessos de chuvas, o rio subiu muitos metros, e Edgar ficou lá dentro por vários dias esperando baixar as águas para sair do cânion).

Depois deles, e depois desta sua histórica aventura dos anos 50, finalmente em 1994, eu fui o 1º escalador brasileiro a organizar uma expedição para tentar escalar estas impressionantes paredes de Basalto (nunca escaladas em sua íntegra, desde baixo até a borda do cânion).
.
A 1ª escalada em solitário das grandes paredes do Cânion do Itaimbezinho, quase me custou a vida.

Conheça mais sobre esta dramática e mítica história de escalada em solitário que, por um acidente quase fatal, fui impossibilitado de acabar meu projeto. Escalada em solitário de muito mérito, de muito esforço; um projeto que marcou minha vida de escalador.

Migração Sem Retorno, é o nome da minha via, deste meu projeto, que, até onde consegui escalar, já apresentou tramos de A4+ de dificuldade (com risco de caídas num platô).

Estive uma semana sozinho na parede, dormindo numa barraca de parede, a uns 200 metros do chão. Levava comigo uns 150 kilos de material. O material que levei para fixar nas reuniões de paradas, não foram suficientes, e, a pedra, duríssima, para perfurar a mão, destruía a ponta de vídia de todas as brocas que eu tinha comigo. Todas brocas quebraram num tramo de 250; imagino que a escalada poderia alcançar os 750 metros de via, ou mais (medida estimativa que calculei a olho desde a borda do cânion). Uma parede linda, mas de uma pedra extremamente dura. Abandonei o projeto sem acabar minha escalada tão sonhada.

Não concluí meu projeto por causa de um acidente quase fatal; as fissuras da parede se abriam estranhamente com os grampos de fenda que eu fixava; batendo os grampos, as fissuras se abriam (...). Voei uns 12 metros diretamente sobre uma repisa de pedra. Quase me matei.

Minha via "Migração Sem Retorno" segue lá, inacabada. Dizem que está proibido escalar nestas paredes, e, provavelmente sempre esteve proibido, ou, sempre estará proibido, mas, quem sabe, num futuro, se possa escalar, quem sabe num futuro, as atividades de montanhismo dentro do Cânion do Itaimbezinho sejam liberadas, e, então, o Brasil vai conhecer onde estão as grandes possibilidades de desenvolver escaladas de alto nível e em estilo Big Wall. Um dia isso vai acontecer.

Agradeço muito aos amigos que me ajudaram a transportar meu material de escalada, meus equipamentos de parede: João Batista da Silveira e Luciano Trevisol. E agradeço ao amigo bombeiro que também me ajudou a sair de dentro do Cânion, Fernando Batista. E gratidão ao fotógrafo do jornal Zero Hora, e seu motorista. Graças a eles, consegui sair do Cânion do Itaimbezinho com todo o meu material sem abandonar nada. Apenas ficou lá dentro minha via denominada: Migração Sem Retorno, A4+ (como mínimo).

Grato pelo interesse, muito em breve acabarei este relato desta inesquecível experiência que marcou tanto a história da escalada no Rio Grande do Sul, e que os brasileiros praticamente desconhecem.


Romantismo poético de filosofia alpina e concebimento esportivo

Dentro do cânion, e também na parede conquistando minha escalada em solitário, escrevi como sempre, alguns poesias, poemas oriundos do meu romantismo alpino e poético. Migração sem Retorno também se tornou um poema meu, e esta é a magia, este é o conceito de alpinismo oriundo deste romantismo poético, que um dia, reaparecerá no meu atual projeto de livro de poemas, o qual, depois de 25 anos fora do Brasil, espero muito publicar no meu país de origem e na minha terra.

A cultura de alpinismo e escalada em rocha em seus primórdios foi fruto de um romantismo poético, aventureiro e científico; orundo dos alpes europeus, o alpinismo se tornou um esporte praticado no mundo inteiro, e, como fragmento do alpinismo, a escalada em rocha se transfornou num esporte saudável (sempre que realizado com coerência de dicernimento, habilidade física assertiva e serenidade interior); o aspécto filosófico que o alpinismo sempre despertou no ser humano, ainda é assunto de interesse nas culturas de montanha, e serras de varios países, e se tornou um aspécto familiar com o tempo, mais que turístico, o alpinista, ou escalador de rocha, não consebe a vida de montanha sem o romantismo poético de filosofia alpina. Sentirse alpinista e escalador de rocha consequente, é uma honra, um orgulho entusiástico de fazer as coisas bem feitas, e levar para casa, gratas recordações esportivas, filosóficas ou poéticas.

Um bem tanto cultivado em outros países, no Brasil, é proibido...

Aproveito esta oportunidade para lembrar às autoridades do Parque Nacional de Aparados da Serra, que o Cânion do Itaimbezinho (assim como muitos outros), além de ser uma jóia do turismo na Serra Gaúcha, é também um Tesouro Nacional (...). Tesouro para os alpinistas, escaladores de rocha e atletas de parede.

​O Cânion guarda grandes possibilidades de escaladas de Big Wall de altíssimo nível de qualidade; as autoridades do turismo no Parque Nacional de Aparados da Serra ganhariam muito prestigio liberando o parque para todos os alpinistas competentes do Brasil. Escalar dentro do Cânion do Itaimbezinho poderia ser uma atividade a enriquecer o estado gaúcho como um dos principais centros do Brasil de Escalada em Rocha e, poderia ser o melhor Campo-escola de Alpinismo Moderno do Brasil; Aprender cultura de montanhismo e de escalada em rocha e ou, de alpinismo moderno, é o que ajudaria a modificar estas leis tão absurdas e severas.

Que pena que as autoridades não dão atenção a esta cultura, a este esporte. Um bem que tanto é cultivado em outros países, no Brasil, é proibido (...). Quem entende isso?

Como atleta de rocha que fui e amante do alpinista que sou, e, como cidadão gaúcho e brasileiro, através desta, venho explicar que cultura de escalada em rocha e cultura de alpinismo é a mesma coisa que cultura de futebol, que cultura de samba ou cultura de carnaval, cultura de chorinho e ou cultura de fórmula 1 (...), atrai todas as classes da sociedade e é um esporte saudável, divertido e estético. Alguém da administração do Parque Nacional saberia me responder porque é proibido no Brasil uma cultura tão enriquecedora, tão linda, e, que tantos benefícios aporta a outros países?

Saudações,
Londres, Inglaterra, 28,01,2018.

João Giacchin

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Preâmbulos do 1º livro de poemas de João Giacchin

1/10/2017

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Me sinto feliz pela decisão de publicar um Livro de Poemas, num princípio, me custava acreditar que já estivesse preparado, agora que tenho o projeto praticamente acabado, penso que poderia ter feito antes...

Em realidade, estamos sempre procurando justificativas para tudo.
Antes, apenas escrevia e produzia sem muitas pretensões, agora, preparo um livro.
Me parece coerente e sensato, porém, não sinto ansiedade, não sinto cobranças, não sinto pressa.
Publicar o meu primeiro Livro de Poemas é tão importante quanto escrever durante 35 anos. E, é tão importante quanto ter aproveitado a própria vida.
Comprometer-se com alguma coisa, é o que faz a diferença.

Me sinto comprometido com uma poesia que enriquece meu bem estar;
Em breve poderei compartilhar meus poemas, e isto será um outro prazer.
João Giacchin, Barcelona - Espanha, 2014

- Por que a Poesia?

Por vezes, vivo dentro de um poema, e não raramente, em qualquer situação, em qualquer panorama. Uma circunstância atípica, casual, e, ou, inclussive comum, banal, pode ser a razão ideal para provocar a magia do poema, a alquimia que mistura sentimentos, emoções, encontros e desencontros, viagens de prazer, movimentos de migrações, escalada de montanhas, banho de rio, dinâmica de metrópole cosmopolita, inoportuna distância, oportuna saudade e sobrevivência fundamental, assim como amores e desamores. Esta alquimia, é o motor propulsor que gera o verso irreversível da própria vida; Uma mistura sem comparações, de valores incalculáveis e magia garantizada.
Por causa da alquimia do poema que gera à própria vida, estamos todos aqui, desfrutando desta vida em órbita de uma realidade incomparável.
A valiosa simplicidade da poesia da natureza, genuína e bucólica, é o que mais me ata a esta vida de sobrevivência, motivo pelo qual eu escrevo, e razão pela qual escrever me transmite bem estar.

Eu não consigo absorver a vida sem a plástica do verso, do poema, é uma questão de educação, eu aprendi a escrever na infância, e escrever faz parte da minha cultura.

João Giacchin, Londres - Inglaterra, 18/01/2014
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Proyecto Tupí-Guaraní; 20 años! Por João Giacchin & Isaac Cortès

1/8/2017

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Romanticamente, sempre direi: Eu me tornei um escalador de rocha pela poesia da montanha. Hoje, explicarei a história de um projeto audacioso, inumano e intransponível, mas caprichosamente romântico, poético; Meu projeto mais ambicioso de 1996. Romantismo sempre houve na história do alpinismo tradicional.

Em escalada em rocha, assim como em alpinismo, todos sabemos que o que enche de orgulho um escalador ou alpinista, é um grande projeto; quanto maior, melhor; quando mais difícil, mais excitante; quanto mais inumano, mais mérito; quanto mais intransponível, mais misterioso.
Projetos fazem parte da história da escalada em rocha assim como fazem parte do alpinismo clássico ou moderno, é inconcebível na dialética da escalada em rocha histórias sem projetos interessantes, sejam eles claros, evidentes e sensatos, ou, intransponíveis; acessíveis ou inacessíveis. Faz parte do romantismo alpino tradicional e moderno, criar novos projetos, assim como faz parte do romantismo da escalada livre e natural, criar, sonhar e esperar que um dia esse projeto seja, por fim, escalado autenticamente de forma natural, e livre de meios artificiais. Naturalmente me refiro a um excepcional projeto de escalada em livre, natural; grande, difícil, complicado, inacessível, intransponível e por isso, inumano!

20 anos mais tarde, sigo sonhando com que esta via seja brindada pelo êxito. Isso acontece comigo; insensatamente sonho e espero que um dia meu projeto se torne atrativo para algum escalador realmente animado e entusiasmado e decidido a investir seu tempo, na mítica escalada do meu projeto Tupí-Guaraní, projeto que foi bem equipado, projeto antigo, impecável (com exceção dos primeiros 4 ou 5 metros que fatalmente não apresentam, de momento, visíveis, ou suficientes agarras para que alguém escale naturalmente), e, fantasticamente grande, comprida; foi um dos primeiros projetos da mítica parede que forma o complexo do setor "El Pati", situada à direita da mítica via "La Rambla", em uma das paredes mais recomendáveis que existe na história da escalada em rocha. Escaladas de resistência com passos decisivos e cruelmente atléticos, duros. Uma parede fantástica, com vias impecáveis e de grande beleza.

Siurana, desde o final dos anos 70, começou a demonstrar que tinha futuro, e em seguida, a nata de escaladores regionais da Catalunya dos anos 80, adotaram Siurana como sendo o Point preferencial do Free Climbing na Espanha (sem esquecer San Benet, em Montserrat, e, Atxarte e Oñate en El País Vasco, nos anos 80 e nos 90). Siurana então se tornou setor de escalada de referência mundial próximo do final da década de 1980. 
Poeticamente, eu diria que Siurana é um inefável conto de fadas para escaladores e escaladoras, onde o ambiente rupestre encanta as pessoas pela cor; é um luxo para a fotografia de escalada e de paisagem; no entardecer, próximo ao horário do pôr-do-sol, Siurana com todos os seus setores se converte num conto autêntico de floresta esverdeada em meio a fantásticos rochedos de formação calcára que encantam a qualquer visitante com sua típica coloração alaranjada do pôr-do-sol e, ou, azulada atmosfera que em dias de nevoeiros esporádicos de invernos aconchegantes, encanta a qualquer pessoa, além de hipnotizar a todos os escaladores e visitantes. Siurana hipnotiza, Siurana encanta; "El Pati" causa vertigem emocional; "La Rambla" impressiona muito;  E, meu projeto "Tupí-Guaraní" (com o legendário Isaac Cortes), está ali, em meio ao encanto absorvente e hipnotisante e mágico desse que é um dos setores mais envolventes e mais extraordinários do contemporâneo panorama encantador da Escalada Natural, da Escalada Livre.

Poeticamente, meu inumano projeto Tupí-Guaraní está num vale fabuloso, de contos, de contos de fadas e duendes que desfrutam da vida escalando neste setor que é referência internacional como um dos setores mais difíceis do mundo... El Pati!

Poeticamente, sigo sonhando com esta escalada. E, com todo meu respeito, ofereço a Tupí-Guaraní aos escaladores que eventualmente queiram provar um projeto futurístico, selvagem e inumano... Futurístico, por estar a 20 anos sem ser encadenado, sem ser escalado; Selvagem, por estar dentro de um vale fabulosamente encantador; Inumano, por estar a 20 anos esperando por ver a luz neste incógnito mundo das raras possibilidades.

Romanticamente, sigo escrevendo sobre a Tupí-Guaraní; Poeticamente; sigo sonhando.
Sou teimoso; disso sobrevivo, dos meus próprios sonhos.

Todo o projeto desta histórica escalada batizada por mim com o significativo nome de "Tupí-Guaraní", foi sonhado, planejado e organizado entre eu e meu irmão Catalão, Isaac Cortès, quem participou comigo, planejando, definindo a via e equipando a parede.
(Saludos Isaac, Germanet! Gracias por toda tu amistad y companherismo)

Quanto ao nível de dificuldade da via, me sinto grato aos legendários, míticos e ilustres escaladores e exepcionais atletas que opinaram sobre a provável e possível graduação da via Tupí-Guaraní; A muitos anos atrás, o Americano radicalizado em Catalunya, Chris Sharma, comentou entre amigos, que poderias ser mais de 9a+ Francês; e, a um ano at´ras aproximadamente, Daniel Andrada, da Espanha, comentou entre amigos, que só a parte de cima, já poderia ser mais de 9a+ Francês. Eu pessoalmente, não escalo mais e, não é precisamente o grau de dificuldade o que mais me interessa sobre a Tupí-Guaraní, poém, contudo, todavia e entretanto, acredito que, se fosse algo em torno de 9a+ Francês, alguém já teria escalado este projeto, por estar em Siurana, e precisamente no setor El Pati, que todos sabemos, todas as vias já foram escaladas, menos a Tupí-Guaraní... Minha opinião, longe da opinião de um visionário, acredito que, hipoteticamente, a Tupí-Guaraní poderia estar catalogada como um dos projetos mais duros do mundo, se não, játeria sido escalada. Contudo, e considerando o nível dos atletas de hoje em dia, acredito realmente que a Tupí-Guaraní algum dia será catalogada como um dos projetos mais audaciosos da história da Catalunya, e do mundo da Escalada Natural, da Escalada Livre. Então, se tratará, hipoteticamente, romanticamente, conceitualmente, de um provável 9b+ Francês; ou, mais de 9c Francês... A graduação imaginativa não se considera muito, naturalmente, mas levando em consideração que o Projeto Tupí-Guaraní nunca foi encadenado, escalado, opinar sobre sua graduação, é algo, hipotético, conceitual, e em todo caso, romanticamente ilusório. Poderia ser mais de 9c Francês? O tempo que tudo soluciona, nos dirá. Porém, contudo, todavia e entretanto, no meu íntimo, fazem mais de 20 anos que sinto que o Projeto Tupí-Guaraní está incluídos na lista negra dos projetos mais duros do mundo.
(Muchas gracias mi amigo Dani Andrada por opinar sobre la Tupí-Guaraní, gracias hombre; Y gracias Chris Sharma por opinar sobre este mi proyecto que en mi vida ha sido un sueño romântico de escalada natural).

Saudações a todos!
Saudações desde Mallorca, essa majestosa ilha de pedras preciosas no meio do mar mediterrâneo.

Inspiração tem no Blog do João.
Grato por lerem minhas histórias.
Os saúdo como meu verso tão oportuno:ês.

- Êxito, é ter histórias para contar.
E a vida, para caminhar.

João Giacchin
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5.14a; A história do João - Escalada forte na Catalunya em 1996.

1/5/2017

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Um prazer contar minha própria história como atleta de escalada em rocha.
Uma honra explicar que fui um dos atletas pioneiros da América Latina em Escalada de Dificuldade.
​Fui o 1º atleta Brasileiro a migrar para Catalunya, para dedicarme como atleta, à escalada em rocha.


Celebro 20 anos de uma época fanática na minha minha passada vida de atleta de escalada em rocha; no começo da década de 1990, minha maior ambição era ser fotografo de escalada em rocha como o fenomenal fotógrafo alemão Heiz Zak. Mais que idolatrar a qualquer escalador, meu ídolo maior era um fotógrafo, mas não qualquer fotógrafo, era o melhor fotógrafo do mundo. Minha outra ambição, era mais palpável, mas não exatamente fácil: ser o primeiro atleta de rocha latino americano a escalar vias de dificuldade de 5.14a (8b+ Francês), a 20 anos atrás; me sentia preparado fisicamente, e para tal projeto, havia decidido migrar para Catalunya, estado do nordeste da Catalunya, lugar abençoado em termos de geografia rochosa... O melhor lugar do mundo para uma oportuna evolução no meu esporte de então, a escalada de dificuldade, escalada livre, escalada natural mas de extrema dificuldade.
A 20 anos atrás, e sendo o único Brasileiro escalando nesse nível, na Catalunya precisei me relacionar diretamente com escaladores locais, escaladores de Barcelona principalmente; meus amigos eram então, regionais, naturais da Catalunya, y alguns de outros estados da Espanha.

Em 1992, migrei para o nordeste da Itália, onde tive o prazer de ficar por mais de um ano escalando entre falésias e montanhas, entre Lumignano y Dolomitas, fazendo escalada esportiva e alpinismo tradicional (no berço do alpinismo moderno). Eventualmente, entre 92 e 1993, eu viajava para Barcelona principalmente pelo meu vínculo afetivo com uma moça Catalana e esquiadora; em outubro de 1993, deixei o território Italiano e fui com ela para Espanha, diretamente para Barcelona, cidade bem localizada, no litoral do mar mediterrâneo, mas muito próxima de setores impecáveis e estrategicamente especiais para uma ideal evolução na escalada em rocha, a que eu mais desejava, a escalada de dificuldade.
Em pouco tempo estava escaldando vias dos meus ídolos (Patrick Edlinger na França e Kurt Albert e Wolfgang Güllich da Alemanha); vias clássicas de setores míticos, como Verdon na França e Frankenjura na Alemanha. Essa decisão de migrar pra Catalunya e determinar treinamentos específicos para escaladas de dificuldade, mudou todo o contexto da minha vida de alpinista clássico e ou, de escalador solitário que fui; virei atleta.
Deixei de organizar minha mochila para ir sozinho para as paredes nortes da fabulosa montanha de Montserrat, ia então, para outras paredes, também de formação conglomerada, no sul de Montsetrat, e ou, para uma outra região abençoada da Catalunya, denominada El Priorat, onde está a Serra de Montsant e, Siurana, lugares mágicos para o meu esporte preferido.
Foi minha mais sensata decisão em termos de busca pessoal para aprender rápido e evoluir minha capacidade de aprendizado, evoluir minha técnica e partir para o sonho: ser um bom escalador.

Eu tive muitos sonhos, fui atrás desses sonhos e de certa forma me sinto realizado. Durante os anos de 1995, 96 e início de 1997, eu treinava como um atleta, com disciplina e seriedade, com compromisso e ambição atlética; entre Siurana e Montserrat, realizei escaladas de nível internacional para a época, como alguns 8a, alguns 8a+ (a exemplo: via Cop d'Cigala em Siurana e El Anillo del Poder em Montserrat), e como treinamento para meu projeto principal (5.14a), também escalei a clássica via Julia de 8b (no dificilíssimo Conglomerado de San Benet, de Montserrat). Era uma época na qual, para sobreviver como estrangeiro ou emigrante, eu trabalhava 9 horas por dia em empresas de duros trabalhar verticais em Barcelona, e também na construção civil com trabalhos que só me desgastavam fisicamente. Pelas tardes e noites, treinava como um verdadeiro atleta. Por vezes penso que em realidade, treinava como um demônio; treinava obsessivamente para ter êxito no meu principal projeto, que era ser o primeiro atleta Latino Americano a escalar uma via de 5.14a, um sonho que vivi intensamente, um sonho que estive a ponto de realizar várias vezes; desde 1996, cada dia que me aproximava da fabulosa montanha de Montserrat, meu coração palpitava mais forte; cada vez que me atava a corda no meu Arnés e calçava minhas sapatilhas de escalada, meu coração disparava; cada vez que secava minhas mãos no magnésio, e soprava o pó, meu coração quase saía pela boca. Me encontrava tão forte, que esquentava meu corpo diretamente no meu projeto, para não perder tempo, e, mesmo assim, para esquentar, fazia a via sempre com uma caída, com o coração palpitando de emoção, quase saindo pela boca. Conclusão: escalei a via R4 umas 24 vezes com uma caída... Caía sempre tentando costurar uma cinta fundamental para a própria proteção pessoal (saltar aquela costura, poderia ser um suicídio, uma loucura). Na provável hipótese de caída, sem costurar, certamente me mataria).

Nunca realizei o meu sonho de escalar um 5.14a, mas posso dizer que fui o primeiro atleta da América Latina a saborear esta experiência de sonhar com um nível de calibre internacional e praticamente sobrenatural para aquela época: 20 anos atrás.

Hoje, me sinto fotógrafo de escalada em rocha como o meu ídolo Heinz Zak, e isso também foi outro sonho na minha vida; sigo fotografando para imortalizar aspéctos da vida que muito me inspiram. Faço fotografia por amor a arte e por amor à escalada em rocha que é um esporte fantástico e, parte substancial da minha vida.

Além disso, depois de 35 anos escrevendo poesias, no aconchego do meu sossego, preparo com entusiasmo o meu maior projeto que é a publicação do meu primeiro Livro de Poemas. E esse sonho, espero em breve compartilhar com todos.
​
Vivo de sonhos. Alguns, transformo em realidade, outros, são apenas sonhos, ilusões, fantasias, mas, quem disse que sonhos não são realidades da própria vida?

Todos temos sonhos, isso é inerente à realidade humana. Todos sonhamos.
​O que é intrínseco à pureza da escalada natural, o que é a essência da escalada em rocha; esse foi o meu sonho; O valor intrínseco da Escalada mais pura que existe.

Saudações desde Mallorca, com brisa do mar Mediterrâneo e aroma rupestre da serra de Tramuntana.

João Giacchin
05 de Janeiro de 2017
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