A Lenda da Pedra do Segredo: Montanhismo de Vanguarda (1990).
Vida poética de romantismo alpino nos anos dourados da Escalada em Rocha do Rio Grande do Sul; Me sinto honrado por ter participado ativamente desta bonita história de escalada em rocha como um dos pioneiros; época que não volta mais, obviamente. A nova escalada do Rio Grande do Sul, da década de 1980 do século passado, foi um movimento romântico e poético do qual participei com contundência; meu montanhismo organizado, solitário e relâmpago de escaladas arojadas e procedimento inovador, rompia esquemas, rompia paradigmas; meu estilo foi incisivo e minhas escaladas foram terminantes; nascía a escalada de dificuldade, poética e romântica; A tradição que tem no Rio Grande do Sul de fortes escaladores, vem desta iniciativa minha e deste movimento radical que eu manifestei com minhas escaladas solitárias e romanticamente difíceis para aquele período do século passado. A índole e o caráter do escalador Gaúcho vem deste movimento romanticamente definitivo; foi a partir de minhas escaladas que o escalador Gaúcho se tornou reconhecido em todo o Brasil e o Rio Grande do Sul se tornou reconhecido em todo o país como um potencial centro de escalada em rocha; modéstia à parte.
Em breve explicarei três extraordinárias histórias de pioneirismo contundente e incisivo; a de um companheiro de escalada que influênciou e inspirou a todos os montanhistas Gaúchos, e que se tornou, romanticamente, meu irmão espiritual; Edgar Kittelmann. Outra história que contarei, é de seu maestro incondicional; o guía alpino italiano, Giuseppe Gambaro. A tradição do montanhismo Gaúcho vem de longe. E uma terceira história, será sobre a legendária escaladora Brasileira Irene Fernandez, quem se destacou como a primeira escaladora do Rio Grande do Sul.
No entanto, me corresponde contar minha própria história:
Por ter sido uma etapa mágica na minha vida, tenho o maior interesse e prazer em conservar os fatos tal e como aconteceram, e relatar sobre minhas conquistas pioneiras do final da década de 1980.
Parece ser que existem algumas versões distorcidas da verdadeira Lenda da Conquista da Mítica Pedra do Segredo de Caçapava do Sul. Bem, como sigo bem vivo e em forma, naturalmente, seguirei cuidando e dando a devida atenção que esta história merece.
Com propriedade de palavra para narrar meus próprios projetos, e historiar sobre escaladas bonitas do século passado, neste artigo, vou relatar o fator humano de uma das Conquistas mais relevantes do montanhismo Gaúcho do final da década de 1980, que eu defino romanticamente como sendo A Irmandade da Conquista da Pedra do Segredo.
Eis aqui, por tanto, a verdadeira Lenda da Pedra do Segredo desde o ponto de vista histórico de quem projetou a escalada e de quem escolheu a dedo as almas especiais que participaraiam desta que seria, então, o projeto de escalada mais importante e distinguido do final da década de 1980. Futuramente pretendo relatar aspectos curiosos da escalada tecnicamente dita, mas neste relato, prefiro explicar uma outra face da escalada, a outra cara da moeda, mais além do aspecto físico da escalada; como um dos pioneiros que realizou a legendária escalada da mítica Pedra do Segredo, historiar a minha perspectiva humana, neste caso e nesta ocasião, é o que mais me parece inspiracional.
Eu organizei tudo no ano de 1989, fabriquei de forma artesanal os Grampos que eu produzia naqueles anos, e entrei em contato com os dois únicos escaladores que mais eu confia para tal projeto: dois jovens iniciantes no mundo da escalada em rocha e do montanhismo, mas, evidentemente, duas almas especiais; Alexandre Prehn Zavascki foi o primeiro convidado sem sombra de dúvidas (pela luz que emanava do seu espírito de irmandade e senso de companheirismo sem igual), e o outro convidado, tinha que ser alguém com o mesmo nível de teor de qualidade humana, e neste caso, a dedo, o selecionado foi o jovem Guilherme Zavaschi (pela humildade em pessoa e pelo seu diferenciado e nobre dom para a escalada em rocha); dois adolescentes que transbordavam talento humano sem comparação. E muito distante dos preconceitos absurdamente influenciáveis daqueles anos, eu optei por dois adolecentes que me pareciam mais maleáveis e mais abertos de cabeça; Imaginem, Alexandre Prehn Zavascki com apenas 16 anos no final de 1989, e seu primo, mais jovem ainda, o Guilherme Zavaschi com simplesmente 15 anos de idade em 1989; tinham o caráter perfeito de quem não demonstra malícia, uma ingenuidade fundamental que eu procurava, para ensinar e desenvolver um novo grupo de escaladores, com outra cabeça, sem dúvidas, na minha decisão, não hesitei, a dedo, escolhi os novos escaladores do futuro; meu projeto era ensinar um novo conceito de escalada, romanticamente poética e não necessariamente técnica, mais humana, mais acessível, menos elitizada (no sentido depreciativo que predominava no século passado).
Nada mais nada menos, o meu projeto era conquistar não só a escalada mais importante do Rio Grande do Sul daquele final de década, era e foi, com a escalada da mítica Pedra do Segredo, dar seguimento ao movimento que eu tinha iniciado de escalada diferenciada, modestia à parte, marcar o início da nova década de 1990; Escalada de Vanguarda no Rio Grande do Sul; o movimento que destacava a nova escalada do Rio Grande do Sul.
Numa recente entrevista feita pelo fotógrafo e escalador de rocha Naoki Arima, senti necesidade de dar um nome com extrema rotundidade para definir o meu projeto dos anos 80 do século passado, e o melhor título que me pareceu o mais criativo, foi: Romantismo poético alpino e conduta assertiva atlética nos anos dourados do pioneirismo da escalada de dificuldade no século pasado. Nesta oportuna entrevista, respondi praticamente tudo que representou esta nova era da escalada no Rio Grande do Sul, que inspirou a dezenas de novos escaladores, e que foi o movimento novo que definiu o caráter dos novos escaladore Gaúchos.
Eu projetei o sonho, e eu coordenei toda a logística da escalada, e fui o único que participei de todas as duas etapas de conquista. Uma antiga “lenda”, diz que, no século passado, eu fui um “visionário” e que projetei a escalada mais bonita e mais inovadora do Rio Grade do Su, para à época, mas, uma outra "lenda", diz que, com minhas iniciativas de "visionário escalador solitário", iniciei um movimento novo e uma nova forma de entender a Escalada em Rocha no Rio Grande do Sul, que rompia esquemas, que rompia paradigmas e que destacou o Rio Grande do Sul, de forma Nacional, como sendo o novo polo da escalada Brasileira. Eu agradeço as duas verícas "lendas", mas prefiro explicar a minha versão, assim me sintirei mais vivo e não uma lenda distante.
Depois de fabricar de forma caseira todos os Grampos para fixar na parede da Pedra do Segredo, e depois de concretar e confabular sobre o plano com Alexandre Zavascki e Guilherme Zavaschi (jovens escaladores de Porto Alegre que vinham comigo para praticar e aprender como abrir uma nova escalada em parede), definimos uma data, fevereiro de 1990.
Passadas as celebrações de fim de ano, em janeiro de 1990, fui pessoalmente a Porto Alegre para conversar com os pais de Alexandre Zavascki e com os pais do Guilherme Zavaschi. Visitei as duas familias, e conversei com seus pais; expliquei que precisava daqueles meninos para o meu audacioso projeto de renovar a escalada no Rio Grande do Sul; Os pais deles conviavam cegamente em mim, e liberaram os meninos, confiando na minha palavra.
Em fevereiro de 1990, compramos as passagens para Caçapava do Sul...
Impressionante foi abrir a primeira enfiada de corda, e alí, constatar alegremente, satisfatoriamente, que eu não havia me equivocado na eleição dos companheiros para aquela escalada que se tornaria nacionalmente reconhecida como um marco na Escalada em Rocha do Rio Grande do Sul.
Com alegria, inefável entusiasmo e incomparável habilidade, Alexandre Zavascki demonstrou todo o seu talento de irmandade e extraordinária capacidade para assimilar o novo aprendizado e marcar seu nome na nova escalada do Rio Grande do Sul. Alexande participou desta primeira etapa, e desde então, nunca mais deixou de se comportar como um autêntico irmão espiritual, mais além das expectativas, se tornou meu irmão de coração. Considero que além da minha própria história como escalador solitário, até então, ainda não havía encontrado dois casos tão expontâneos em suas atitudes, em conduta assertiva e entrega incondicional; estavamos iniciando um outro movimento, abriamos as portas da nova escalada Gaúcha; se definía o novo caráter do escalador Gaúcho.
Guilherme Zavaschi, muito jovenzinho, começou a atuar e a demonstrar todo o seu refinadíssimo estilo de escalada nos primeiros metros da mítica parede da fabulosa Pedra do Segredo; não era necessário trabalhar como professor de escalada porque esta habilidade, o Guili sempre demonstrou ter de nascência; nem foi muito necessário dar demasiadas explicações de como conquistar novos metros de parede na ponta da corda, o Guilherme parecia captar tudo com muita facilidade e meu trabalho como professor de conquistas de novas escaladas, foi muito abençoado, a vida tinha me brindado dois novos talentos que simplesmente me ajudaram a transformar o projeto de escalada da Pedra do Segredo, no maior segredo do montanhismo Gaúcho: tinhamos iniciado uma nova era...
Não concluímos toda a escalada nesta primeira etapa de fevereiro de 1990, apenas a metade da parede foi conquistada. Os três mosqueteiros, antes de embarcar viagem de regresso para Porto Alegre, não encontramos nenhuma divergência para definir o nome da nossa nova escalada. Desde os primeiros metros de escalada, o nome da escalada foi mencionado na batidas de cada marretada; cada um que perfurava a rocha com nossa broca, e ou, dando marretadas para fixar um novo grampo, fazia zunir o típico som da marreta no grampo, enquanto alegremente gritava, SEM MEDO DE SER FELIZ...
Sem Medo De Ser Feliz, foi a expressão utilizada por Alexandre Zavascki desde o momento em que chegamos, e desde a Estrada do Segredo, quando avistamos a imponente e mítica Pedra do Segredo. "Vamo lá, Sem Medo De Ser Feliz"; dizia o Alexandre Zavascki...
Depois desta primeira etapa de conquista, uma vez retornado, em Canoas, eu meditava sobre o futuro da Escalada do Rio Grande do Sul; não raramente, me encontrava cofabulando com o travesseiro e pensando por onde induzir os novos escaladores do Rio Grande do Sul. A primeira etapa da conquista da Pedra do Segredo tinha sido um êxito entre nós, gaúchos; mas eu pressentia que era o momento de divulgar meu trabalho ainda mais, de forma Nacional... Eu me sentia um escalador Brasileiro, não apenas gaúcho.
Confabulando com a almofada, e falando sozinho, não raramente aparecia a imagem do próximo tripulante do meu audacioso projeto, não apenas divulgar no Rio Grande do Sul a maior escalada do estado Gaúcho, mas, mais além disso, divulgar a mais expressiva escalada de vanguarda do Rio Grande do Sul do começo da década de 1990; a nova era, tinha que ser reconhecida em todo o Brasil.
Por ser algo expontâneo na cultura de escalada em rocha assim como na cultura do alpinismo tradicional, convidei a dedo, um escalador não gaúcho; um escalador de peso, de personalidade destacada, de propriedade de fala, de caráter próprio e de reconhecimento nacional. Edson Struminski foi o escolhido a dedo! O experiente escalador da Serra do Mar do estado do Paraná, o legendário, mítico e ilustre montanhista, Du Bois, seria o outro tripulante da caravana conquistadora da belíssima via Sem Medo De Ser Feliz.
O Du Bois não era apenas um dos escaladores mais experiêntes do Brasil, o Du Bois era o Cara... Protetor Guardião das Montanhas... Engenheiro Florestal que educava a todos os escaladores que encontrava pelo caminho; Erudito Escritor; Redator da Revista Red Point, o Du Bois era o Cara!
O correio Brasileiro funcionou magnificamente bem; em fevereiro de 1990, chegou a esperada resposta do Du Bois; "Caro Giacchin, com o maior prazer aceito o seu convite, nos próximos dias estarei viajando para o Rio Grande do Sul, para irmos lá para Caçapava do Sul e acabar juntos este seu novo projeto."
O Edson Struminski era desde então, um renomado engenheiro florestal protetor guardião de muitas montanhas do panorama nacional, e além disso, era o Du Bois, perito em Escalada em Rocha, Montanhista ativo dos mais destacados no Brasil, e, Redator Fundador da única Revista de Montanhismo e Aventura do Brasil, a Red Point; o Du Bois divulgaría mais uma vez, a nova escalada do Rio Grande do Sul.
Uma vez tudo projetado, e com o time completo, como era fim de ano (1989), decidi me preparar para o novo ano e para a nova década de 1990, fabricando meus grampos caseiros, e preparando o FRIEND, o meu projeto de Boletim Informativo do Montanhismo Gaúcho, que, assim como a escalada da Pedra do Segredo era um segredo, o FRIEND também era fabricado artesanalmente e no anonimato (só depois de pronto é que eu divulgava).
No dia 4 de fevereiro de 1990, eu e dois adolecentes de 15 e 16 anos, começamos a empreitada do nosso projeto de vanguarda; escalar a mítica Pedra do Segredo. Com esta primeira investida de escalada, conseguimos, entre os dias 4 e 5 de fevereiro, realizar a escalada da Pedra do Segredo, até a metade praticamente; escalamos num excelente rítmo, Alexandre e Guili estavam escalando maravilhosamente bem e ao mesmo tempo, tendo uma boa aula prática de como proceder numa situação real de conquista de uma nova escalada, em parede, pendurados em "Cliff-hanger's" (ganchos sinistros, traiçoeiros e temíveis, utilizados para que o escalador possa estar pendurado até fixar uma proteção mais resistente...) para perfurarem a pedra conglomerada e assim procederem a fixação de um grampo de proteção mais concreto a cada dois ou três metros (ou, com maior distância entre um grampo e outro); Pareciamos os três mosqueteiro, nos divertíamos muito, era só alegra!
Alegria... mas com escalada de vanguarda!
Voltamos para Porto Alegre definitivamente orgulhosos da nossa bem estruturada equipe de escaladores; Alexandre e Guilherme, não tinham me surpreendido em nada, pois eu era consciente de que eu tinha escolhiso os melhores em tudo, para serem os novos escaladores do Rio Grande do Sul (eles já haviam começado a escalar com escaladores de Porto Alegre, mas eu estava ensinando outra coisa, a outra cara da moeda...). Naturalmente eles não perceberam a minha intenção, porém, eu não brincava em serviço, escolhi eles por uma causa muito concreta, muito específica, eu precisava de aliados jovens, fortes fisicamente, habilidosos, humanamente dotados com o máximo teor de qualidade, e sobretudo, de cabeças abertas, não influenciados por preconceituosos padrões de escalada retrógrada, preconceituosa. Eu, pessoalmente, eu era consciente de que me interessavam as escaladas romanticamente solitárias e poéticas onde me desconectava do mundo escrevendo meus poemas nas paredes remotas do Rio Grande do Sul, porém, também consciente de que estava dando passo a um novo movimento que, nos centros de escalada mundial, já havia sido batizado com o sugerente nome de Escalada de Dificuldade. Naturalmente, escolhi o Alexandre Zavascki e o Guilherme Zavaschi, porque entendi que se destacavam humanamente, e, encaixavam perfeitamente no meu audacioso projeto de levar para o Rio Grande do Sul, a escalada de dificuldade que já existia nos principais polos do montanhismo Brasileiro; no Rio de Janeiro e no Paraná. Com esta equipe de três mosqueteiros, com certeza surpreenderiamos o redator da Revista Red Point, o Du Bois, e com isso, a divulgação a nível nacional estaria garantida.
No final de fevereiro, chegou do Paraná o homem que participaria do final da conquista da espetacular escalada da mítica Pedra do Segredo.
Uma vez hospedado na casa onde eu morava, em Canoas, juntos, pude explicar ao experto escalador, minhas intenções. Sendo um nobre montanhista, o Du Bois simplesmente me respondeu: "Giacchin, acho que você está no caminho certo, e estou curioso para participar desta escalada contigo."
Compramos passagens para Caçapava do Sul; fomos dentro do ônibus, fortalecendo nossa amizade, conversamos longamente sobre aspectos que eu necessitava, principalmente, ética de conquista, desenvlvimento como escalador a nível nacional, e não apenas entre gaúchos. Só de conversar com um escalador do calibre cultural do Du Bois, dava prazer em perceber o quanto afortunado eu estava sendo; uma benção me parecia, ter tido um professor de escaladas como o Edson Struminski (entre outros exímios escaladores do Paraná e do Rio de Janeiro). Me sentia modestamente, muito paparado para a vida poética que eu pessoalmente sabia que iria desenvolver, não apenas técnicas de escalada. Sentia que estava me preparando para revolucionar, respeituosamente, a escalada no Rio Grande do Sul. Já havia encontrado os melhores aliados; Alexandre e Guili...
No dia 03 de março de 1990, como autênticos alpinista e românticos escaladores, fomos diretamente ao grão; profissionalmente (não diplomaticamente), em poucas horas, escalamos conquistando toda a segunda etapa desta escalada que se tornou um marco no montanhismo do Rio Grande do Sul. O perito em escalada de rocha, Du Bois, me emocionava cada metro que escalava, dizendo; "Esses gauchinhos são bons, ein?! Fazem tudo certinho. Parabéns Giacchin, é um prazer ver pessoalmente esse tipo de montanhismo acontecendo no Rio Grande do Sul, que é um estado que até agora nunca tinha se destacado na escalada de difuculdade."
E eu tinha que escalar, na ponta da corda, batendo grampo e conquistando os últimos metros da parede da Pedra do Segredo, com essas palavras do Du Bois ecoando constantemente na minha cabeça; estava concluída a escalada mais emblemática do Rio Grande do Sul; iniciava uma nova era no montanhismo do extremo sul do Brasil; escalada de dificuldade bem conquistada, bem gestionada, bem realizada, bem rápida, sem transtornos, sem decepções, sem impedimentos, rompendo qualquer possíveis barreiras psicológicas que pudessem interferir no êxito do projeto.
Profissionalmente, o redator fundador da revista Red Point, o Du Bois, depois de concluir a conquista da Pedra do Segredo comigo, voltou para o Paraná, e desde Curitiba, acabou divulgando a nova consciência de escalada que eu havia semeado no Rio Grande do Sul; foi um triunfo!
Êxito total! Acertar na escolha dos companheiros ideais, para um projeto de escalada, é algo muito importante. E isso, de forma autônoma, eu aprendi a uns 28 anos atrás, organizando a conquista da legendária escalada da mítica Pedra do Segredo.
Se acabou o segredo...
Participei ativamente grampeando quase toda a via, tanto na primeira investida (com o Alexandre e o Guili que conquistavam em parede por primeira vez e estavam comigo para aprender), assim como na segunda etapa. Na primeira etapa, como já contei, escolhi jovens adolescentes como parceiros, e praticamente isto foi o mais expressivo desta escalada; confiar e dar oportunidades aos mais jovens. Em seguida, a conclusão da escalada, com participação e segurança do escalador Edson Struminski (o Du Bois, que também grampeou na terceira enfiada de corda alguns grampos, e que seria um dos responsáveis em divulgar para o resto do Brasil, o que acabávamos de ter feito no Rio Grande do Sul).
Logo, uns meses depois de acabar a escalada, um dia eu voltei lá e fiz a primeira repeticão em solitário (30/12/1990) desta via que o meu irmãozinho espiritual Alexandre Zavascki batizou com o oportuno e significativo nome de, “Sem Medo De Ser Feliz”. Este nome dado pelo Alexandre, hoje em dia, 27 anos mais tarde, ainda segue inspirando todos os escaladores do Rio Grande do Sul. O projeto da escalada da Pedra do Segredo foi meu, convidei para esta conquista os escaladores de mais confiança daqueles anos, e a conquista foi um êxito e um triunfo para todo o Rio Grande do Sul; com o criativo nome sugerido pelo Alexandre Zavascki, fica imortalizada a “Sem Medo De Ser Feliz” como um dos maiores feitos do montanhismo no estado do Rio Grande do Sul. Em breve, escreverei um relato sobre a 1ª Escalada em Solitário da Pedra do Segredo, e com isso, escreverei mais profundamente sobre a influência das escaladas em solitário que muito influenciaram na minha vida, e na minha forma de escrever poesia.
O que mudou de mais expressivo no montanhismo Brasileiro com iniciativas bem-sucedidas como esta, e com outras formas de demonstrar a escalada, é constatar e demonstrar que: Santo De Casa Também Faz Milagres (em breve escreverei sobre este paradigma de visão que também existiu, e que foi revolucionário, contundente e benéfico). Mas, isto será um outro capítulo deste meu Blog.
Confesso, que com minha decisão de migrar, de trilhar meu próprio caminho e viver minha vida como eu desejava, emigrando em 1992 para Europa, perdi, o priviégio de acompanhado parte da vida pessoal destes dois companheiros de escalada, perdi parte do crescimento deles; perdi a formatura do Alexandre Zavascki que me disse certa vez, "Giacchin, vou deixar de escalar, quero estudar, quero ser médico, quero ajudar as pessoas necessitadas." Perdi a estratosférica evolução do Guilherme Zavaschi, como escalador, que se tornou, durante toda a década de 1990, e grande parte da década de 2000, o escalador mais forte do Brasil e um dos mais fortes da América do Sul, . Eu tinha escolhido bem os meus companheiros. Inclusive, os dois vieram me visitar em Barcelona, para onde eu havia migrado, e ao longo dos anos sempre mantivemos a amizade, a irmandade espiritual das paredes de escaladas. Aspecto que nunca foi alterado entre nós desde a conquista da via Sem Medo De Ser Feliz, da mítica Pedra do Segredo. Me sinto orgulhoso da minha escolha seletiva de 1989...
Outra pessoa que nunca deixou de se corresponder comigo nos meus 25 anos de migração, foi o meu professor de escaladas em solitário, o Edson Struminski (Du Bois), montanhista, engenheiro florestal, Dr. em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Migrar para dedicarme ao esporte na Europa, me privou de muita coisa, confesso, e neste meu processo de migração sem retorno, me emociona constatar que pouquíssimas vezes encontrei na Europa, este teor de irmandade dos tripulantes da nossa legendária escalada da Pedra do Segredo; Alexandre Prehn Zavascki, Guilherme Zavaschi e Edson Struminski. Que bom é olhar para atrás, e ver, constatar que fazíamos bem as coisas.
Me emociona ver que aproximadamente 28 anos mais tarde, mesmo retirado da escalada por motivos de saúde, o montanhista, engenheiro florestal, Dr. em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Edson Struminski (Du Bois), aguentando suas dores e sofrendo por causa de um câncer brutal e traiçoeiro, tenha se dedicado a escrever um incomparável "Prefácio" para ilustrar as primeiras páginas do meu projeto de 1º Livro de Poemas. Depois de 35 anos escrevendo poemas, com certeza vou publicar este meu primeiro livro, no Brasil, e este será outro motivo para celebrar paradigmas de irmandades com estes velhos amigos.
Faz aproximadamente 30 anos que impulsionei a Escalada em Rocha de Dificuldade no Rio Grande do Sul (eu, e também outros escaladores de Porto Alegre, porém, de momento, escrevo sobre minha própria história), e tenho tudo registrado nos meus diários de Escalada Livre e Romantismo Alpino, será sempre um prazer solucionar dúvidas e seguir aportando para o montanhismo, outrora com minhas conquistas e minhas escaladas arrojadas e arriscadas e pioneiras, e, agora com esta ferramenta, "O Blog do João Giacchin", assim como com minhas fotografias, poemas ou entrevistas que começarei a fazer com outros escaladores e atletas. Este Blog, pessoalmente, quero acreditar que é a evolução do saudoso FRIEND (o meu velho Boletim Informativo do Montanhismo Gaúcho)..
Aproveito esta oportunidade para explicar que como fotógrafo de escalada na ilha de Mallorca (paraíso indiscutível e incomparável do Psycobloc), estou disponível para acompanhar escaladores interesados do Brasil.
Entrem em contato comigo, e certamente nos divertiremos muito.
Se vocês organizarem suas viagens de escalada para Mallorca, eu posso ser o fotógrafo que registrará suas mais belas escaladas e suas melhores lembranças deste paraíso da escalada europeia.
Eis aqui meus contatos: joao.giacchin@gmail.com
Meu Site profissional: www.joaogiacchinphotography.com
Inspiração, tem no Blog do João.
Saudações desde Mallorca para meus eternos irmãos, Alexandre Zavascki, Guilherme Zavaschi e Edson Struminski (Du Bois). Foi um prazer ter compartilhado escaladas inesquecíveis e momentos da minha vida com seres humanos tão nobres como vocês.
Um abraço,
João Giacchin
Divulgação na Prensa da Escalada da Pedra do Segredo em 1990/91
Ver artigos dos jornais:
* Timoneiro de Canoas, Ano 24, nº 1326, dia 30 de março de 1990.
* Folha de Canoas, Ano IV, nº 383, dia 30 de março de 1990.
* Red Point (Revista de Montanhismo e Aventura de Curitiba), nº 06, abril de 1990.
* Jornal A Razão, de Santa Maria, Ano 56, nº 163, dia 02 de junho de 1990.
* Jornal Radar, de Canoas, Ano VIII, nº 406, dia 23 de agosto de 1990.
* Ver artigo do FRIEND (Boletim Informativo do Montanhismo Gaúcho), nº 3, agosto de 1990.
* Jornal Destaque, de Esteio, Ano XIII, nº 580, dia 17 de maio de 1991.
* Jornal Vale Do Sinos, de São Leopoldo, Ano XX, nº 3.807, dia 24 de maio de 1991.
* Jornal Vele Do Sinos, Ano XX, nº 3.893, dia 03 de setembro de 1991.
* Jornal Zero Hora, de Porto Alegre, Ano XXVIII, nº 9.502, dia 08 de setembro de 1991.